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Bloco suspeita de "negócio de favor" na venda do BPN
Suspeitando de um “negócio de favor”, na aquisição do BPN pelo BIC, o Bloco de Esquerda quer ter acesso ao contrato de venda do banco e ver o negócio explicado pelo ministro das Finanças no Parlamento.
O acordo para a compra do banco, cuja nacionalização custou mais de 5000 milhões de euros aos contribuintes, foi assinado a 9 de dezembro. O BIC, banco de capitais luso-angolanos liderado por Mira Amaral, acordou pagar 40 milhões de euros pela aquisição do BPN, mas o ex-ministro de Cavaco Silva tem garantido que o Estado se comprometeu a injetar centenas de milhões de euros no banco.
Em conferência de imprensa, realizada esta terça-feira no Parlamento, o deputado João Semedo diz “não aceitar que, custando o que está a custar aos contribuintes, se venda um banco por 40 milhões de euros com a promessa de injetar muito mais do que esse valor” Para o deputado do Bloco, “tudo indica que estamos perante uma operação de favor”.
No requerimento entregue na Assembleia da República, o Bloco de Esquerda considera que “subsistem demasiadas dúvidas e questões para as quais não foi ainda dada uma resposta satisfatória” sobre o BPN.
O deputado João Semedo retoma algumas das questões colocadas pela Comissão Europeia, que abriu um inquérito à forma como foi conduzida a nacionalização e posterior venda do banco ao BIC, e pretende que Vítor Gaspar esclareça se não teria sido preferível, perante o estado atual do BPN e a necessidade de o recapitalizar num valor muito superior ao da sua venda, a liquidação do banco.
Recordando que “estamos perante a operação financeira mais onerosa de sempre em Portugal”, João Semedo diz que os valores em causa obrigam a um esforço redobrado de “rigor na operação e de transparência no montante em causa”. O deputado do Bloco pretende ainda saber “quanto é que o Estado vai gastar com a venda do BPN ao BIC” e qual a repartição, entre o banco de capitais angolanos e o Estado, dos ativos e passivos tóxicos deixados por Oliveira e Costa e Dias Loureiro. “Suspeitamos que, como é infelizmente costume, a fatia do lombo tenha ficado para os privados e os ossos para o Estado”, concluiu João Semedo.
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