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CGTP: Renegociação da dívida é indispensável

No documento programático a ser aprovado no Congresso da CGTP, que se realiza esta sexta e sábado, a central “considera indispensável a renegociação da dívida, dos prazos e dos juros”, defende que “os problemas de Portugal não se resolvem com mais austeridade, com imposição de novos e mais pesados sacrifícios aos trabalhadores e às suas famílias e com a redução do nível de vida, que mergulha o país na recessão económica e social”, aponta para a necessidade de “uma efetiva cooperação entre Estados soberanos e iguais em direitos, a convergência real, a coesão económica e social” com vista a “uma mudança de rumo da Europa”.
Carvalho da Silva substituído por Arménio Carlos
O Congresso marca a saída de Manuel Carvalho da Silva da secretaria-geral da central, cargo que ocupou durante 25 anos; será substituído por Arménio Carlos.
Na opinião da deputada e sindicalista Mariana Aiveca, do Bloco de Esquerda, que integra o Conselho Nacional da CGTP desde 1992, Carvalho da Silva "contribuiu claramente para a consolidação e boa imagem do movimento sindical, particularmente na última década em que tanto se tentou retirar credibilidade aos sindicatos", disse.
Para Mariana Aiveca, o sindicalista teve a "capacidade de liderar pessoas de diferentes setores políticos e de esbater as diferenças, centrando sempre as discussões nas questões principais e no papel do movimento sindical". E concluiu: “O movimento sindical português deve-lhe bastante”, lembrando a "relação muito fraternal e verdadeira" com o secretário-geral.
Em entrevista à RTP, Carvalho da Silva disse que passa o testemunho com “uma certa alegria interior”, mas também com “gratidão”.
“Presidente da República tem de dignificar o cargo”
Na mesma entrevista, o ainda secretário-geral da CGTP criticou asperamente o Presidente da República, depois das suas últimas declarações a propósito das reformas.
“É muito mau que o Presidente da República opte por uma remuneração que não é a remuneração do Presidente. O Presidente da República, mesmo fazendo sacrifícios, tem que dignificar o cargo em toda a sua dimensão e em toda a sua responsabilidade. Era bom que o Presidente da República corrigisse a situação e, em vez de optar por receber o valor das reformas, optasse por receber o valor da função de Presidente da República, mesmo que possa ter que fazer mais sacrifícios, ou seja, que o valor seja inferior ao valor das reformas”.
E acrescentou: “É que o empobrecimento não é glorioso, não é mesmo. E os que andam a receitar o empobrecimento ao povo e os ricos fogem do empobrecimento como o diabo da cruz. E é bom que isto esteja presente na mente de um Presidente, para mais numa fase histórica em que o povo português precisa de alguém que se identifique com os seus anseios e que contribua para que não se desenvolva na sociedade a expressão dos sentimentos mais primários que muitas vezes conduzem a populismos, a invejas”, advertiu.
Quem é Arménio Carlos
Arménio Carlos nasceu em junho de 1955 e começou a trabalhar como eletricista na Carris em 1974, integrando a sub-comissão de trabalhadores de Cabo Ruivo quatro anos depois.
Em 1985 tornou-se dirigente do Sindicato dos Transportes Urbanos de Lisboa e em 1989 integrou a direção da União dos Sindicatos de Lisboa, cuja coordenação assumiu em 1996.
Desde então que está no Conselho Nacional e na Comissão Executiva da CGTP mas foi há quatro anos que passou a estar a tempo inteiro na central sindical assumindo as áreas com maior visibilidade.
Em 1993 o sindicalista passou pela Assembleia da República como deputado do PCP, durante três meses.
O Congresso da CGTP pode ser acompanhado em direto, por live streaming, neste link.
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