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Porta-voz da PSP pede a jornalistas que pressionem magistrados

Uma carta do porta-voz da Polícia de Segurança Pública dirigida a jornalistas "amigos de jornada" está a provocar polémica. O comissário Paulo Flor queria mais sensacionalismo na notícia da detenção dos dois suspeitos de roubo e sequestro por carjacking em Lisboa, para que o juíz se sentisse pressionado a aplicar-lhes a medida de coação mais grave.
Relações públicas da PSP apanhado em relações perigosas com jornalistas. Foto Paulete Matos

"O vosso contributo é essencial para que as medidas de coacção sejam o mais lesivas possíveis para os suspeitos", diz a carta do porta-voz do PSP dirigida a jornalistas que trata como "amigos de jornada".

O email foi enviado com o timbre oficial da PSP e algumas passagens são reveladas esta quinta-feira pelo subdiretor do Correio da Manhã, o jornal que mais se destacou na cobertura destes roubos por carjacking que sofreram o vice-presidente da Caixa Geral de Depósitos Norberto Rosa e um membro da direção de programas da RTP, Fernando Alexandre.

Paulo Flor já tinha sido um dos principais alvos de críticas no dia da greve geral ao tornar-se no principal suspeito de ter passado aos jornalistas a informação falsa de que o estudante alemão que foi filmado a ser barbaramente agredido por um polícia à paisana junto à Assembleia da República seria um indivíduo procurado pela Interpol e conhecido como o "monstro alemão". O comissário que trata da relação da polícia com os media continuou a desmentir a existência de agentes provocadores entre os manifestantes, por mais que as imagens recolhidas pela imprensa provassem que as mesmas pessoas que derrubaram as barreiras junto à Assembleia da República e injuriaram os agentes do Corpo da Intervenção apareceram minutos depois a prender manifestantes.

"O comissário Flor, além de um atrevimento censurável, revela um entendimento canhestro sobre a função e os limites da PSP", diz o subdiretor do Correio da Manhã. "Atreve-se, em nome da PSP, a sugerir aos "amigos de jornada" que pressionem os magistrados para prenderem os suspeitos – e desconhece que a prisão preventiva não é uma espécie de pena inicial", acrescenta Manuel Catarino.

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