You are here

António Costa admite acabar com recolha de lixo ao sábado

O presidente da Câmara de Lisboa admite também reduzir a semana de trabalho com corte salarial, mas clarificou que os trabalhadores não poderão ser obrigados a aceitar. O Sindicato dos Trabalhadores do Município (STML) diz que acabar com a recolha de lixo ao sábado vai provocar “graves danos na saúde pública” e está preocupado com as outras medidas.
Sindicato dos Trabalhadores do Município (STML) diz que acabar com a recolha de lixo ao sábado vai provocar “graves danos na saúde pública”

O presidente do Sindicato dos Trabalhadores do Município de Lisboa (STML), Delfino Serras, considera que “a medida de deixar de recolher o lixo ao sábado é um contra-senso daquilo que foi o investimento que a câmara tem feito nos últimos anos”. Delfino Serras disse à agência Lusa que “esta medida vai provocar graves danos na saúde pública”: “Vamos ter a cidade durante o fim de semana completamente cheia com sacos de lixo, que pode ser doméstico mas também pode ser lixo muito perigoso para a população”.

O presidente da Câmara Municipal de Lisboa, António Costa, emitiu um despacho a 14 de Outubro dirigido a todas as Direcções Municipais, para que estudem medidas que reduzam fortemente as horas extraordinárias no próximo ano. Entre as medidas, inclui-se o estudo do impacte financeiro de semana de quatro dias em serviços não operacionais e o fim da recolha de lixo ao sábado, fora dos bairros históricos. António Costa determinou ainda “a proibição de autorização da prestação do trabalho extraordinário”, à excepção dos Bombeiros Sapadores e da Polícia Municipal (“até à implementação das alterações nos respectivos regimes de horário”) e de trabalhadores afectos à secretaria-geral “em situações pontuais e esporádicas”, como reuniões e assembleias municipais ou eventos públicos. Mesmo nestas situações, “o trabalho extraordinário fica sempre sujeito a prévia autorização conjunta do vereador do respectivo pelouro e da vereadora com o pelouro dos Recursos Humanos e Finanças”, mediante a apresentação, por parte desta vereadora, do “comprovativo de que o trabalho extraordinário a realizar não ultrapassa a verba mensal limite prevista para a respectiva orgânica”.

Nas declarações à agência Lusa, o presidente do STML manifestou também preocupação em relação às outras medidas decididas pelo presidente da Câmara ou que estão em estudo.

Em relação à semana de quatro dias, Delfino Serras congratulou-se pelo facto de António Costa ter clarificado “que as pessoas só vão se quiserem”, mas salientou que há situações que poderão tornar esta medida repressiva. “Se num edifício há muitos trabalhadores a aderir a esta medida mas há três ou quatro que não aceitam, o edifício não pode fechar e continua a ter as despesas inerentes de telefone, água, electricidade”, exemplificou o sindicalista, sublinhando que “poderá haver uma coacção para que os trabalhadores saiam voluntariamente ou sejam transferidos de serviço”.

Por isso, Delfino Serras conclui que “pode ser uma medida que se pode tornar repressiva, temos de perceber o que isso quer dizer”, considerando que esta situação é “extremamente preocupante” e realçando que a medida também afecta a população, que fica com menos um dia para tratar dos seus assuntos, uma vez que a câmara está fechada.

O presidente do STML manifestou também preocupação em relação aos bombeiros, que actualmente já fazem quatro turnos, cobrindo as 24 horas, e em que “o presidente da Câmara quer mudar para cinco turnos mas com o mesmo número de trabalhadores”, lembrando que os turnos têm, em média, 15 trabalhadores. Para Delfino Serras, “se esta medida avançar serão sete ou oito trabalhadores por turno. Portanto, a resposta que se possa dar à cidade em termos de segurança vai ser muito reduzida e pondo em perigo de vida algumas situações”.

Termos relacionados Política
Comentários (1)