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Fim do IDT deixa 38 mil toxicodependentes e alcoólicos sem apoio

A Federação Nacional dos Médicos não aceita a extinção do Instituto da Droga e da Toxicodependência e do seu "importante trabalho reconhecido e elogiado a nível internacional”. O governo quer acabar com o trabalho integrado no apoio e tratamento de alcoólicos e toxicodependentes, dispersando-o pelas Administrações Regionais de Saúde.
Fim do IDT termina com um trabalho reconhecido internacionalmente e põe em risco acompanhamento dos dependentes de álcool e drogas. Foto Paulete Matos

Para a FNAM, esta decisão do governo de transformar o IDT numa direcção-geral “coloca interrogações muito sérias sobre os verdadeiros objectivos da política governamental para esta área de intervenção”.

O comunicado da Federação dos médicos destaca que existem hoje 38.875 utentes em tratamento na rede pública, 7.643 dos quais primeiras consultas e que "o número de utentes em ambulatório é superior ao registado no ano anterior (+1%), consolidando o aumento verificado nos últimos anos".

Os médicos referem ainda o aumento de 9% no número de primeiras consultas, um aumento pelo terceiro ano consecutivo e contraria a tendência de descida verificada desde 2000. "Durante o ano de 2009 estiveram integrados na rede pública de tratamento da toxicodependência 27.031 utentes em programas terapêuticos com agonistas opiáceos (70% dos utentes em ambulatório), representando um acréscimo de +5% em relação a 2008 e reforçando a tendência de crescimento ao longo dos anos", diz o comunicado da FNAM.

Para a FNAM, o IDT tem feito "um trabalho coordenado, desenvolvido em equipa e colocando sempre como prioridade os interesses do utente". Como exemplos, os médicos destacam "o serviço de atendimento, avaliação e triagem de crianças inseridas em famílias com problemas de toxicodependência, álcool, de jovens em risco ou de jovens consumidores de substâncias lícitas ou ilícitas" ou as linhas de orientação definidas para os casos de filhos de pessoas consumidoras de substâncias psicoactivas, crianças e jovens com comportamentos de risco no âmbito das dependências, e de gravidez, parto e pós‐parto.

Com o fim do IDT e a criação do SICAD ‐ Serviço de Intervenção nos Comportamentos Aditivos e Dependências, "as respostas no terreno passarão para a dependência para as ARS's. Estamos preocupados e gostaríamos de ver garantida a continuidade do modelo integrado que vimos praticando", disse o presidente do IDT, João Goulão, quando a notícia do fim do Instituto foi conhecida há duas semanas.

"O contexto social e económico do país é de alguma forma propício a que haja um recrudescimento do fenómeno, com um aumento de fenómenos de marginalidade, de exclusão, mais pessoas em dificuldades e mais pessoas tentando recorrer ao pequeno tráfico como forma de subsistência", alertou João Goulão em entrevista à Antena 1. O médico que dirigiu o IDT prevê que no futuro imediato surjam "mais pessoas utilizando drogas para afogar as suas mágoas. E quando falo disto falo sobretudo num recrudescimento do consumo de álcool", previu João Goulão.

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