You are here

Ajuste do acordo com a troika é para beneficiar a banca, diz Louçã

Coordenador do Bloco de Esquerda acusa Passos Coelho de admitir ajustes do memorando única e simplesmente para financiar os bancos, e diz que a greve geral representa o "renascer da democracia".
Greve geral será o “momento culminante do renascer da democracia”, diz Louçã. Foto de Paulete Matos

Francisco Louçã acusou Pedro Passos Coelho de admitir a possibilidade de ajustes ao acordo com a troika única e simplesmente para financiar a banca. “Não há nenhum outro ajustamento que Pedro Passos Coelho conceba", afirmou, ao falar no final do VI Encontro Nacional sobre Trabalho do Bloco de Esquerda.

O coordenador do Bloco referia-se a declarações do primeiro-ministro em Assunção, no Paraguai, onde participou na Cimeira Ibero-Americana, quando anunciou que vai propor ajustamentos ao programa de assistência económica e financeira firmado com a troika em Novembro, “tendo em conta o cenário macroeconómico e a evolução das principais variáveis desde o momento em que o programa foi desenhado e aprovado e o momento presente”.

Para Louçã, "os ajustamentos são única e simplesmente sobre a forma de financiar a banca. Não há nenhum outro ajustamento que Pedro Passos Coelho conceba", observando que até agora, para o primeiro-ministro, o acordo com a troika era "sacrossanto, não se podia mexer uma vírgula, mas agora, se a banca exige fundos e liquidez, apoio e subsídios", então já se está "na época de ajustamentos", ironizou.

O deputado do Bloco observou que Pedro Passos Coelho tem tido a técnica de anunciar em prime-time de telejornal cortes nos subsídios e alterações às regras da vida social. “Depois, quanto está no estrangeiro, vai precisando, corrigindo. E, quanto mais longe está de Portugal, pior é a explicação", disse, acrescentando: "Bem gostaria que o primeiro-ministro não fosse mais longe do que Badajoz, porque, quando chega ao Paraguai, já está a falar num novo regime económico e social, para além dos cortes nos subsídios de férias e de Natal. Provavelmente – diz ele –, esses cortes virão a ser eternos, porque há países que só têm 12 meses [de prestações salariais], caso da Holanda. Mas esquece-se de dizer que na Holanda em 12 meses se ganha três vezes o que um trabalhador português ganha em 14".

Apelo à adesão dos trabalhadores da banca e comerciantes à greve geral

O coordenador do Bloco de Esquerda fez um apelo aos trabalhadores dos setores bancário e do comércio para que adiram em massa à greve geral de 24 de Novembro, que considerou ser “o momento culminante do renascer da democracia”.

"Renascer a democracia é pôr a democracia onde ela deve estar, porque a democracia é das pessoas, para as pessoas e pelas pessoas. Este país tem de ter o dia da dignidade para se opor à brutalização da vida social", disse o deputado do Bloco de Esquerda, que enfatizou que terá de haver "um persistente trabalho" para fazer a greve geral.

"Sabemos dos pontos fracos das greves anteriores: A banca não fechou e o comércio não fechou. Estamos convencidos que, hoje, um trabalhador de um banco tem muito mais razões para estar na greve e que um comerciante tem todas as razões para ser solidário com ela, porque vão destruir o comércio com o aumento do IVA dos 13 para 23 por cento", concluiu Francisco Louçã.

Artigos relacionados: 

Termos relacionados Política
(...)