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IPCC subestimou degelo no Árctico, aponta estudo

Os cientistas reuniram dados de modelagem com observações de satélites, navios e até submarinos. Segundo Rampal e os seus colegas, os modelos climáticos computacionais que estimaram um Pólo Norte sem gelo no Verão em 2100 estão atrasados 40 anos em relação às observações. Da mesma forma, o papel da chamada “amplificação árctica”, como é conhecido o efeito de aumento da temperatura devido à perda do gelo marinho e à maior absorção de radiação solar pelo oceano, provavelmente foi subestimado.
A razão deve-se ao facto de que os modelos deixaram de reproduzir o aumento de velocidade que ocorre quando o gelo fica mais fino.
O mar congelado do Árctico está em permanente movimento, seguindo as correntes. Todo o Verão, elas empurram enormes quantidades de gelo para fora do Oceano Árctico, pelo chamado estreito de Fram, entre a Gronelândia e o arquipélago norueguês de Svalbard, diminuindo a área do mar congelado. Com a água mais quente, as placas de gelo ficam mais finas (a média entre 1980 e 2008 é de 1,65 metro de afinamento no verão) e rompem-se mais. Consequentemente, aumenta a velocidade de “exportação” do gelo e, em seguida, amplia-se a redução de área da banquisa.
De acordo com Rampal, os modelos falham em capturar essa relação entre deformação e velocidade. Ao aplicarem a metodologia usada no novo estudo aos modelos, eles conseguiram resolver quase todas as diferenças entre modelos e observações, o que pode ajudar a estimar com maior precisão o papel do Ártico no clima futuro da Terra.
Polémica sobre o IPCC
Órgão composto por representantes de 130 países, o IPCC (Painel Intergovernamental da ONU sobre Mudanças Climáticas) promove avaliações regulares sobre as mudanças climáticas. O painel é considerado um dos principais órgãos internacionais responsáveis pela análise científica do aquecimento global.
Em Março de 2010, o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, anunciou que o órgão passaria por uma revisão independente dos seus métodos de trabalho, por meio de um conselho inter-académico, em razão de supostos erros registados no seu último grande relatório sobre mudanças climáticas, em 2007.
O chefe do comité de especialistas que reviu o desempenho do órgão, Harold Shapiro, elogiou o trabalho do IPCC à frente das avaliações sobre o clima. “Na nossa opinião, de forma geral, o trabalho do IPCC tem sido um sucesso e serve positivamente à sociedade.” Contudo, o líder do InterAcademy Council (IAC) fez uma ressalva, ao afirmar que a reacção do órgão da ONU sobre os erros de 2007 foi feita de forma “lenta e inadequada”.
Uma das recomendações do comité sugere que o IPCC deverá nomear um director-executivo que se encarregue de actividades diárias, seja considerado um porta-voz do órgão e permaneça no cargo apenas durante os cinco anos da elaboração de cada um dos relatórios.
Actualmente, as regras estabelecem que o chefe do IPCC (hoje é o indiano Rajendra Pachauri) pode permanecer no cargo por dois mandatos de seis anos. Pachauri foi eleito para o cargo em 2002 e reeleito para um segundo mandato em 2008.
Segundo o IPCC, possíveis erros cometidos em 2007 não mudam o fato de que a ação humana contribui diretamente para o agravamento do aquecimento global.
Notícia do site Envolverde, publicada originalmente no site EcoD.
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