You are here

Cravinho e Alegre rejeitam apoio do PS ao OE'2012

O ex-deputado socialista acusa a maioria de direita de ter “ressentimento e ressabiamento vingativo em relação ao funcionalismo público e pensionistas”. E o ex-candidato presidencial defende que "o PS não deve caucionar este Orçamento". Já o ex-líder patronal Van Zeller diz que a meia hora adicional de trabalho no privado "não fará diferença" e que os empresários poderão também cortar os subsídios de Natal e férias aos trabalhadores.
António José Seguro disse que a probabilidade de chumbar o OE'2012 era de "0,0001%", mas o prognóstico não agrada a dois históricos socialistas. Foto Ricardo Ferreira/Flickr

As críticas ao Orçamento de Estado levantam-se no interior do PS, com as baterias apontadas ao secretário-geral António José Seguro, que afirmou na passada haver apenas "0,0001%" de hipótese do partido votar contra o Orçamento.

"O PS não deve caucionar este Orçamento, porque esta política orçamental não se destina a emagrecer o Estado, mas sim a emagrecer as pessoas", declarou Manuel Alegre à agência Lusa. "Esta proposta de Orçamento do Estado é marcadamente ideológica e visa sobretudo os servidores do Estado. E a pior coisa que se pode fazer é erigir os servidores públicos a bodes expiatórios. Estamos perante um Orçamento contra o país e subserviente à lógica neoliberal dominante", defendeu Alegre.

O ex-candidato presidencial acusou ainda a linha do Governo de entrar "em frontal contradição com as recentes posições assumidas pelo Presidente da República em Florença". "O Presidente da República foi o primeiro chefe de Estado europeu a criticar o directório [franco-germânico] entre Merkel e Sarkozy - um directório sem qualquer mandato democrático. Mas este Governo tem uma posição completamente seguidista face a este directório", criticou o actual conselheiro de Estado.

Também João Cravinho, antigo deputado do PS, disse em declarações à Lusa ter ficado "muito chocado com a injustiça, a iniquidade e a total falta de sensibilidade e até de sentido cívico na afectação quase brutal com que se ataca as classes médias, o funcionalismo público e os reformados” no OE'2012.

“O PS tem de fazer o que for necessário e justo e não pactuar com a tentativa de, a pretexto das responsabilidades para com a ‘troika’, destruir por completo os ideais de serviço público e de justiça social que são o fundamento do PS”, defendeu o actual administrador do Banco Europeu de Reconstrução e Desenvolvimento.

Um dos efeitos apontados à actual proposta de OE'2012 é a vontade dos patrões seguirem o exemplo do Estado e cortarem os subsídios de férias e Natal em 2012. António Saraiva, actual presidente da CIP, já o tinha admitido, mas esta terça-feira foi o seu antecessor à frente da confederação patronal que se referiu a isso como sendo "uma das possibilidades". "As empresas, ao preferirem não despedir, podem cortar nos subsídios ou noutras regalias para evitar despedimentos. Não se sabe como é que isto pode ser feito legalmente, mas em 1983 fez-se", disse hoje Francisco Van Zeller numa conferência em Lisboa, depois de já António Saraiva, actual presidente da CIP, ter também admitido a retenção dos subsídios de férias e de Natal no sector privado.

"Talvez pudesse ser feito através de acordos colectivos de empresa, pois com os sindicatos não, já sabemos que a CGTP nunca concordaria", prosseguiu o ex-líder da CIP que actualmente preside ao Conselho para a Promoção da Internacionalização.
 

Termos relacionados Orçamento do Estado 2012, Política
(...)