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Medo e fome no “país exemplar”. Portugal vai poupar até à morte?

Este é o título de uma notícia publicada esta quinta-feira na comunicação social alemã. O artigo relata a crise económica e social vivida no nosso país, descrevendo a situação de Portugal como “sombria” e alertando para a sua agudização em 2012.
Foto de Paulete Matos.

Os factos a que a notícia se refere são os seguintes:

1) Cada vez mais pessoas em Portugal estão a pedir ajuda alimentar. O Presidente da Caritas, no Porto, António Marques, refere que “o número de famílias que procuram a sua organização para receber alimentos como leite, arroz ou massas cresce incessantemente.” Entre Janeiro e Agosto este número subiu de 300 para 500 famílias. E isto embora os portugueses sejam orgulhosos em só peçam ajuda em último recurso.

2)Uma reformada de Idanha-a-Nova diz que, no interior, as pessoas ajudam-se mutuamente e deixam ficar alguns pães e leite à  porta dos vizinhos em situações de aflição.

3)Os portugueses jovens, e mesmo os que já não são tão jovens, estão a imigrar em grupo, como até hoje nunca se verificou. A situação dos mais velhos é preocupante. Metade das pessoas entre 55 e 64 anos encontra-se, segundo números oficiais, desempregada, 80% dos pensionistas tem menos do que 800 euros por mês à disposição.

4) O número dos pedidos de falência entrados subiu no primeiro trimestre, em comparação com o mesmo trimestre do ano anterior, em 60%, atingindo 2.195 casos. O número dos automóveis ligeiros vendidos nos primeiros oito meses caiu drasticamente em 22,5%. No sector da construção os investimentos caíram, no primeiro semestre em 8,2%, tendo perdido o emprego 70.000 trabalhadores.

5) E, no entanto todos estes sacrifícios podem estar a ser feitos em vão. Para cumprir os seus compromissos perante os credores, a UE e o FMI, Portugal terá este ano que atingir um défice de 5,9%. Mas no primeiro semestre o défice fixou-se em 8,3%, portanto muito mais alto do que o que se esperava.

6) Um factor importante para tal é que por força da crise económica as receitas fiscais diminuíram. A situação é sombria. Segundo o novo relatório trimestral do Banco de Portugal, a economia portuguesa, depois de uma quebra de cerca 2% neste ano, vai ainda registar uma quebra em 2012, não como até agora estimado em 1,8%, mas sim em 2,2%.

João Alexandrino Fernandes

 

Fonte:Angst und Hunger im "Musterland": Spart sich Portugal zu Tode?

 http://wirtschaft.t-online.de/schuldenkrise-spart-sich-portugal-zu-tode-/id_50425056/index

Sobre o/a autor(a)

Professor universitário em Tübingen, Alemanha
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