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Amnistia denuncia que 88 presos foram mortos na Síria

Vítimas estavam detidas por participarem de protestos contra o regime e na maioria apresentam marcas de tortura. Amnistia Internacional fala em “desprezo total pela vida que se observa diariamente nas ruas da Síria”.
Manifestação contra o presidente sírio: segundo a Amnistia, as mortes atrás das grades estão a atingir grandes proporções. Foto de garda

Pelo menos 88 pessoas morreram na Síria após terem sido detidas pelas forças de segurança nos cinco meses de protestos contra o regime do presidente Bashar al-Assad, denuncia a Amnistia Internacional.

Entre as vítimas encontram-se 10 crianças com idades até aos 13 anos e todas são do sexo masculino, tendo sido detidas por suspeitas de envolvimento nos protestos iniciados em Março, As informações constam de um relatório da Amnistia Internacional divulgado na terça-feira.

"Estas mortes arás das grades estão a atingir grandes proporções e parecem tratar-se de uma extensão do desprezo total pela vida que se observa diariamente nas ruas da Síria", disse Neil Sammonds, investigador da Amnistia Internacional na Síria, citado pela AP.

A Amnistia afirma que a maioria das vítimas foram torturadas ou maltratadas, apresentando lesões que evidenciam espancamentos, queimaduras e marcas de chicotadas, eletrocussão, e órgãos genitais mutilados.

A organização documentou os nomes, datas e locais de detenção das vítimas, enquanto patologistas forenses independentes estabeleceram possíveis causas de morte, nalguns casos através da análise de filmes dos corpos.

Novos protestos

O relatório da Amnistia foi divulgado no mesmo dia em que pelo menos sete pessoas morreram devido à repressão a milhares de pessoas que protestaram frente às mesquitas depois das orações que marcaram o fim do mês sagrado do Ramadão.

Um menino de 13 anos de idade foi uma das vítimas das forças governamentais, que abriram fogo no sul da província de Deraa. Houve mais mortos e feridos na capital Damasco e na cidade de Homs, onde as pessoas desafiaram tanques e soldados, segundo testemunhas.

Marcas de tortura

Vídeos de 45 de corpos de presos que foram entregues às famílias, registados por membros da família ou activistas, foram reunidos pela Amnistia e observados por patologistas forenses.

As lesões de Sakher Hallak, um médico de 42 anos de idade e pai de dois filhos, de Aleppo, cujo corpo foi abandonado dias após a sua prisão em 25 de Maio, incluíram costelas, braços e dedos partidos, órgãos genitais mutilados e olhos arrancados, disse a Amnistia.

Grupos de direitos humanos e os médicos locais dizem que as equipas médicas têm sido impedidos de tratar os manifestantes feridos.

Um vídeo do corpo de Tariq Ziad Abd al-Qadr, de Homs, mostra manchas de cabelos perdidos, marcas no pescoço e pénis, possivelmente causados por choques eléctricos, marcas de chicotadas, facadas e queimaduras, disse a Amnistia. Havia evidências de tortura ou maus-tratos em pelo menos 52 dos 88 casos, segundo o relatório.

A taxa de mortalidade mostra uma escalada significativa das taxas anteriores de morte sob custódia, que eram normalmente cinco por ano. As mortes envolvendo tortura parecem ter aumentado nas últimas semanas, de acordo com Neil Sammonds e o advogado de direitos humanos Razan Zeitouneh.

"Os relatos de tortura que temos recebido são terríveis. No contexto das violações generalizadas e sistemáticas que ocorrem na Síria, acreditamos que essas mortes sob custódia podem incluir crimes contra a humanidade", dizem.

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