Ao contrário do que várias vezes foi proposto pelo movimento Cidadãos por Coimbra (CpC), a apresentação da equipa responsável pela candidatura de Coimbra a Capital Europeia da Cultura (CEC) em 2027 não foi antecedida de um debate público abrangente.
Se de facto o Governo quer levar a sério o que escreveu no seu próprio programa – a cultura é “um pilar essencial da Democracia, da identidade nacional, da inovação e do desenvolvimento sustentado” – tem de arrepiar caminho.
É costume dizer-se que não há duas oportunidades para causar uma boa primeira impressão. No que respeita à Cultura, o Governo de António Costa não só as teve como as desperdiçou com estrondo.
Recuperar o que é nosso, 40 anos depois do 25 de Abril, é muito mais do que recuperar os direitos sociais que nos foram roubados. É recuperar a exigência de vivermos num país em que o povo é, realmente, quem mais ordena.
Ao contrário da retórica de campanha e dos discursos de circunstância, foi agora oficializado que o Executivo de Manuel Machado tem como uma das suas Grandes Opções do Plano diminuir a importância da cultura no conjunto da ação da Câmara Municipal. Por Pedro Rodrigues.
Os portugueses não só são dos europeus que menos participam em atividades culturais como o fazem hoje menos do que há seis anos. O “Público” foi ouvir antigos e atuais responsáveis pelas políticas culturais. O resultado é um descarado e coletivo exercício de auto-desresponsabilização.
Ou o Governo revê o orçamento que tem destinado para o apoio às artes ou ficará na história como responsável pela destruição do sector da criação artística profissional de serviço público em Portugal.
Para encobrir o logro de apresentar como “manutenção dos apoios” para o próximo ano aquilo que na verdade representa um corte de pelo menos mais 22% no financiamento à criação artística, Francisco José Viegas e a DGArtes adiam até ao limite a abertura dos novos concursos e inventam expedientes para atirar areia aos olhos da opinião pública.