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EUA: Prossegue o impasse na crise da dívida

Os Republicanos aprovaram na Câmara dos Representantes um aumento do tecto de endividamento do país até ao fim deste ano, sob algumas condições impostas pela extrema-direita da bancada. Horas depois, o Senado chumbou o plano. Sem acordo até terça-feira, os EUA deixam de poder pagar a sua dívida.
Harry Reid, líder da maioria Democrata no Senado, após o chumbo da proposta dos Republicanos que adiava nova subida do tecto da dívida para o meio da campanha eleitoral do próximo ano. Foto Mark Theiler

O líder da bancada republicana na Câmara dos Representantes acabou por ceder às reivindicações da ala extremista do "Tea Party", que havia bloqueado as propostas anteriores. Por isso John Boehner incluiu na proposta um aumento do tecto da dívida nos próximos seis meses em troca de cortes na despesa no valor de 1 bilião de dólares. Um segundo aumento desse tecto em 1,6 biliões, visto como necessário logo no início de 2012, seria condicionado à aprovação de uma emenda constitucional que proíba orçamentos deficitários, outra exigência dos deputados afectos ao "Tea Party".

A proposta recolheu o apoio de 218 membros da Câmara de Representantes. Todos os deputados do Partido Democrata e 22 Republicanos votaram contra. Mas esta aprovação foi contrariada horas depois pelo Senado, de maioria Democrata, que chumbou a proposta por 59 votos contra 41.

Uma solução negociada é o desejo expresso por Barack Obama, ao afirmar que "qualquer solução para evitar o calote tem de contar com ambas as partes". O presidente norte-americano apelou directamente "aos Democratas e Republicanos no Senado para encontrarem forma de  trabalharem em conjunto num plano que consiga o apoio de ambos os partidos na Câmara dos Representantes, um plano que eu possa assinar na terça-feira", a data limite para os Estados Unidos conseguirem financiamento para pagarem a dívida vencida. Durante toda a sexta-feira, o perfil de Obama no Twitter não parou de convocar os eleitores para pressionarem os seus representantes eleitos para que estes tornem possível um acordo.

Até agora, os Democratas não se mostram dispostos a uma solução faseada que obrigue a novo debate sobre o problema da dívida a meio da campanha das presidenciais no próximo ano. E preferem uma solução de longo prazo, que aumente o tecto autorizado da dívida em 2,5 biliões de sólares, com um plano de cortes na despesa em 10 anos avaliado em 2,2 bilhões. Se avançarem para uma solução negociada com os Republicanos, espera-se que tenham de oferecer como moeda de troca o compromisso de não aumentarem os impostos.

A lei norte-americana autoriza actualmente um máximo de 14,29 biliões de dólares de dívida e se não for aprovado um aumento deste tecto, o país deixa de poder cumprir os seus compromissos no próximo dia 2. A situação está a causar alarme na economia mundial, com a nova directora do FMI a dizer que este impasse pode reacender a crise da zona euro. O juro das obrigações a dez anos da Itália e da Espanha continua a subir, não confirmando o optimismo saído da recente cimeira da UE.

"Há muitas crises no mundo que não podemos evitar: furacões, terramotos, tornados, ataques terrorismas… mas esta não é uma dessas crises", declarou o presidente Obama, que pode guardar uma solução de último recurso no caso deste impasse se manter: invocar a Décima Quarta Emenda da Constituição para justificar  a decisão do presidente de ignorar a limitação ao tecto da dívida, mesmo contra a opinião da Câmara dos Representantes.

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