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No hemisfério Sul, quantas divisões?
A crise financeira que vai mobilizar mais de mil biliões de fundos públicos de um lado e de outro do Atlântico para tentar "salvar" um sistema bancário que, sem eles, corre o risco de levar consigo tudo o resto, é apenas um caso que só diz respeito a dispositivos financeiros? Não, infelizmente.
Jacques Cossart, economista do conselho científico da Attac
Relembremos a amplitude do desastre: o número supracitado representa o dobro do Produto Interno Bruto (PIB) de toda a África subsariana! Sublinhemos um dos aspectos mais perniciosos do sistema capitalista: ter conseguido misturar o seu destino, quando as coisas correm mal, com o de 6,5 biliões de seres humanos, numa espécie de "se eu caio, tu também cais" diabólico.
Lembremos algumas características da crise que nos é imposta. Contrariamente àquilo que nos queriam fazer acreditar - por interesse ou por cegueira - não foram apenas umas flutuações individuais que nos trouxeram a estes extremos. Elas são, pelo contrário, inerentes ao próprio sistema. Os cerca de quatro mil biliões de dólares - equivalentes a cerca de meio ano do PIB europeu - que, todos os dias, constituem o comércio de divisas e de acções, serão apenas obra de algumas ovelhas negras? Os activos das 150 maiores multinacionais, equivalentes a 120% do PIB mundial, não serviriam de apoio às diversas "bolhas"? Os paraísos fiscais que armazenam mais de 13 mil biliões de dólares não representariam nada neste sistema louco? As 100 mil pessoas que detêm activos financeiros equivalentes a um quarto do PIB mundial seriam estranhas às especulações de toda a espécie?
Então a solução é moralizar o capitalismo? O Sr. Sarkozy ou a Sr.ª Parisot (presidente do MEDEF) estão mesmo convencidos de que nos vão fazer engolir esta?
Esta crise afecta, em primeiro lugar, os mais vulneráveis, como as famílias americanas, só por acaso maioritariamente negras ou latinas que, vítimas do sistema financeiro, se encontram agora sem tecto. As 25 mil pessoas que, todos os dias, morrem de fome; os 40% da população mundial que sobrevivem, no hemisfério Sul, com menos de 2 dólares por dia, são os primeiros e os mais gravemente afectados.
Estas monstruosidades não são fruto do acaso, estão directamente ligadas à especulação sobre as matérias-primas; à produção de biocombustíveis, que serve mais para encher os reservatórios dos países ricos do que os estômagos famintos do hemisfério Sul; à dívida dos países pobres, que já foi paga por várias vezes mas está sempre presente. As instituições internacionais e os governos do G7 conseguiram encontrar, em poucos dias, as quantias necessárias para salvar o sistema bancário internacional mas são incapazes, desde há mais de trinta anos - porque é demasiado perigoso e imoral (sic) - de anular a dívida do terceiro mundo. Estas monstruosidades têm como resultado directo o facto de a África subsariana ter visto o seu PIB per capita baixar 0,5% por ano, durante os últimos 30 anos, entre 1975 e 2005. Estas extravagâncias criminosas têm uma mola: as desigualdades que fazem, por exemplo, com que um dos países onde a criminalidade é mais elevada, o Brasil, veja os 10% mais ricos da sua população a partilhar 45% da riqueza do país, enquanto que os 10% mais pobres têm de se contentar com menos de 1%. Através das emissões de CO2, carbono a que os "especialistas" deram um preço, as desigualdades revelam-se em toda a sua brutalidade: um habitante dos Estados Unidos desperdiça, em média, 200 vezes mais do que um do Níger!
Então, a bem da maioria que vive no hemisfério Sul, é preciso impedir que a crise provoque despedimentos e outros cortes nas despesas sociais, que não deixarão de acontecer em grande escala, como em todos os períodos semelhantes da história. Com efeito, é preciso não deixar que os bancos se desmoronem porque isso prejudicaria, em primeiro lugar, os mais frágeis, quer no hemisfério Sul quer no Norte. Mas, na condição de, nós os povos, privarmos os proprietários do capital dos comandos. Não é de acesso aos mercados que os povos - a começar pelos do hemisfério Sul - precisam, mas de um verdadeiro espaço político inserido num quadro mundial de cooperação e não de competição. Tomemos uma Bastilha que valha a pena no século XXI, a ONU, não para a pôr abaixo mas para a reconstruir com o objectivo de a tornar no centro da democracia mundial.
Tradução de Rui Maio
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