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Catroga reconhece que PSD não negociou nada com a troika
Eduardo Catroga, responsável do PSD para as negociações com a troika, disse sexta-feira que desconhece completamente a existência de duas versões do acordo de resgate financeiro a Portugal.
“Estão a dar-me uma novidade e, portanto, desconheço completamente”, disse Eduardo Catroga garantindo que só conhece uma versão do documento.
Recorde-se que esta sexta foi revelado que o governo assinou a 3 de Maio os memorandos com a UE e com o FMI e duas semanas depois, na reunião de 17 de Maio do Ecofin, firmou uma segunda versão diferente da primeira, com alterações nos prazos e na substância de algumas das medidas.
Catroga disse que só conhece “o original em Inglês, que tem uma versão mais sintética e uma versão mais alargada”.
Diferenças nas versões
No documento final, há uma redução em dois meses no prazo que o governo tem para apresentar alterações ao regime de indemnização por despedimento – a proposta tem de entrar na Assembleia da República já em Julho. O mesmo limite vale para o estabelecimento de tectos ao endividamento e para a revisão da estrutura tarifária das empresas da administração central.
Em relação à Taxa Social Única (TSU), o futuro governo tem de apresentar a proposta de descida também até ao final de Julho, para que a redução seja incluída no próximo Orçamento de Estado .
Além dos novos prazos, o documento também introduz alterações na substância das medidas. O texto deixa em aberto a possibilidade de a TMN, Vodafone e Optimus ficarem de fora de um futuro leilão móvel.
Numa nota enviada à agência Lusa, o Ministério das Finanças confirmou ajustamentos, mas sublinhou que são pontuais, tratando-se apenas de ajustamentos pontuais feitos pelos órgãos decisores das instituições internacionais.
“Então não sabem o que é que assinaram?”, pergunta Louçã
No comício em Leiria, Francisco Louçã disse que “Afinal há um documento e há outro documento. Eles não são bem iguais. Não sabemos bem de que se trata um e outro. E eu quero perguntar: então não sabem o que é que assinaram?”, questionou. “Será que a campanha tem mesmo que recomeçar de novo, vamos voltar aos debates para que eles, uma vez, nos possam falar daquilo que assinaram?”.
E acrescentou em tom irónico: “O que é espantoso é que, de dia 17 de Maio até agora, passaram quase duas semanas e os partidos que assinaram, para que Portugal se comprometesse e ficasse agarrado àquela proposta, vêm agora com cara de caso dizer: não, não! Nós não conhecemos bem o texto”.
Voltando ao tom sério, Louçã disse que os líderes dos três partidos que assinaram o acordo com a troika vão fingir que não é nada com eles. “Põem a sua cara de missa do sétimo dia para acabar com o direito dos trabalhadores a uma indemnização justa pelo despedimento, querem arrastar o país para acabar com o apoio aos desempregados, querem facilitar os despedimentos”, criticou.
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