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Para que serve a JS?
A Juventude Socialista decidiu, em Maio, colocar grandes cartazes em Lisboa e no Porto a defender o alargamento do casamento a todas as pessoas. Fez disso bandeira e imagem de marca. Já tinha feito um discurso há dois anos sobre o Dia Mundial Contra a Homofobia no Parlamento. Curiosamente, os deputados da Juventude Socialista nunca propuseram ao Parlamento que aprovasse a instituição desse dia. E, mesmo tendo anunciado um projecto de lei sobre o casamento, esse projecto nunca viu a luz do dia.
Ontem, a JS confirmou, através de um comunicado de imprensa, que não iria mesmo entregar esse projecto. O Partido não deixa e é preciso obedecer ao Partido para manter os seus lugares no Parlamento: as carreiras são sempre mais importantes que os valores.
Ou seja, os deputados da JS não servem para nada. Gostam de estar no poder, mas são impotentes em tudo o que conta. Mesmo quando anunciam que têm uma posição de princípio sobre qualquer coisa, logo confirmam a sua inutilidade. É assim agora com o combate à lei homofóbica que proíbe o casamento gay: fazem campanha sobre o assunto e depois decidem não apresentar o seu projecto. Foi assim quando votaram obedientes contra a realização do referendo sobre o Tratado Europeu - depois de terem dito que queriam o referendo e mesmo tendo havido outros colegas de bancada que mantiveram a palavra e a dignidade, votando contra o Governo e a favor de que a Europa se discutisse.
Mas é assim em tudo o que diz respeito aos jovens. Votaram contra uma remuneração dos estágios curriculares. Recusaram a proposta do Bloco que pretendia acabar com a obrigatoriedade do Dia da Defesa Nacional. Votaram contra as medidas que propusemos de combate à precariedade, nomeadamente a integração dos precários do Estado. Aprovaram o novo Código do Trabalho, que fragiliza quem trabalha, legaliza a precariedade e abre todo o espaço ao abuso patronal - no mesmo momento em que quatro socialistas afirmavam a sua crítica a este retrocesso através de um voto contra. E mantiveram sempre o silêncio quando falamos de educação sexual, saudando a inexistente actividade do seu Governo.
Na verdade, o único poder que conta é o que transforma a relação de forças. É o que afirma a força das ideias e dos compromissos. É o que envolve as pessoas e se envolve com elas nas pequenas e grandes lutas quotidianas. É o que se faz de pessoas que pensam e se batem pelas suas causas. Essa é a única política que pode mudar, porque afirma a generosidade e a coerência. Tudo o resto, é apenas o culto do poder e dos lugares, a impotente gestão táctica dos silêncios. E isso é a JS. Não serve para nada.
José Soeiro
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