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“Atrás do trio eléctrico só vai quem pode pagar”

Bloco da Capoeira no circuito Campo Grande, Salvador - Foto wikipedia
Bloco da Capoeira no circuito Campo Grande, Salvador - Foto wikipedia

Quando as escolas de samba do Rio de Janeiro começaram a desfilar em recinto fechado (primeiro fechou-se a avenida Presidente Vargas e depois construiu-se o sambódromo, uma espécie de estádio para ver os desfiles), o carnaval de Salvador da Bahia passou a ser o maior carnaval de rua do Brasil. Nessa altura, como cantava Caetano Veloso, atrás do trio eléctrico só não vai quem já morreu." Hoje tudo mudou. Como mostra esta entrevista da Carta Maior com o geógrafo  Clímaco Dias, é preciso dinheiro (e muito) para pular no carnaval de Salvador.

CARNAVAL DE SALVADOR

"Atrás do trio eléctrico só vai quem pode pagar"

Em entrevista exclusiva à Carta Maior, o professor Clímaco Dias explica como a hegemonia dos blocos particulares, com segregação e exclusão, acabou com a festa popular mais famosa do Brasil.

Carlos Gustavo Yoda - Carta Maior*

 

As horas passam. E corre o relógio em contagem regressiva no portal eletrônico do Carnaval de Salvador 2007 (visite aqui). "O coração do mundo bate aqui / Feliz de quem pode escutar / Minha cidade é sua / Pode vir", canta Daniela Mercury o hino deste ano de um dos carnavais mais conhecidos do mundo.

Só que a história do "pode vir, pode chegar" não é bem assim. Desde os anos 90, com a explosão da Axé Music, os tradicionais trios eléctricos que democratizaram e popularizaram a festa nos anos 60 e 70 acabaram tornando-se um negócio milionário que atraiu grandes tubarões da produção e do marketing cultural.

Para cair nessa folia, é preciso ter dinheiro. Um pacote de um camarote famoso para três dias de brincadeira chega a custar mais de R$ 2 mil (cerca de € 730), com direito a foliar com DJ Marky e Fat Boy Slim (ah.. assim, sim). Pular na rua também custa caro: o Camaleão, um dos mais conhecidos blocos carnavalescos, não sai por menos de R$ 840 (€ 306) o abadá (roupa de identificação que permite a entrada no bloco).

Este ano, a prefeitura chegou a organizar um pequeno ‘Camarote do Povo' (os ingressos são trocados por quilos de alimentos), mas que deve atender apenas a 400 brincantes, e não está no roteiro dos grandes destaques da folia. Assim acontece a maior festa popular do Brasil: excluindo.

"Da segunda metade do século XX para cá, chegaram os trios eléctricos que romperam com a festa elitizada dos clubes e mansões. Só que, hoje, o trio eléctrico é quem atende à elite. A música do Caetano Veloso expressou muito bem em sua época: ‘Atrás do trio eléctrico só não vai quem já morreu' (1969). Com o passar do tempo, esse trio eléctrico foi transformado em mercadoria e instrumento de ganho de capital. Então nasceu a corda para cercá-lo, e surgiram os blocos pagos, e os camarotes. Então, atrás do trio eléctrico só vai quem pode pagar", analisa o professor de Geografia da UFBA, Clímaco Dias.

Em sua dissertação de mestrado, Carnaval de Salvador - Produção do Espaço de Exclusão, Segregação e Conflito, o pesquisador ataca todos problemas trabalhistas e de conflitos classistas da festa. Em entrevista exclusiva à parceria Carta Maior e Cultura e Mercado, Clímaco Dias explicou como a hegemonia dos blocos particulares acabou com a festa popular mais famosa do Brasil.

Carta Maior - Existe segregação de classe no Carnaval de Salvador?
Clímaco Dias - Existe uma segregação violenta de classes e de grupos sociais. O Carnaval de Salvador segrega até mesmo no espaço físico, como na Barra. Lá é onde desfilam os principais nomes do Axé Music, é uma festa para basicamente a classe média. O povo vai, mas a hegemonia dos blocos e camarotes é classe média. O povo é um espectador de segunda categoria. O carnaval do centro da cidade é popular, mas é um popular que não tem uma organização e disposição de divulgação dos desfiles de blocos afros. Isso acaba deixando o espaço um tanto esvaziado. Isso só não acontece no horário em que o desfile está sendo transmitido pela TV. Isso é só um exemplo do módulo hegemónico. Mas existem vários carnavais na Bahia. Agora, todos os carnavais são hegemonizados por um pequeno grupo de artistas. De meados dos anos 90 para cá, meia dúzia de artistas são responsáveis por organizar as principais atracções do carnaval. Aí o que acontece? Ivete Sangalo tem fila de patrocinadores, só ela este ano terá sete patrocínios. Enquanto isso, a prefeitura de Salvador não conseguiu fechar uma cota ínfima de patrocínio de R$ 8 milhões. O governo do estado deu R$ 3 milhões, mas ainda faltam mais de R$ 2 milhões para completar a cota. Então, é fácil perceber que a prefeitura fica o tempo todo de pires na mão. E a iniciativa privada não se interessa, pois os blocos dos artistas consagrados dão mais visibilidade às marcas.

CM - E a questão do uso do espaço público? Esses camarotes e blocos não revertem benefícios à administração municipal?
CD - O fenómeno do camarote é apenas uma continuação do que acontecia com os blocos. Os blocos são algum tipo de entidade privada que usam o espaço público e nobre e fazem pagamentos ínfimos hoje em dia. Até pouco tempo atrás, eles não pagavam nada, pois vinham em nome de entidades sociais. Hoje as produtoras já pagam, mas é muito pouco. E nós somos o país da Lei Rouanet [lei que atribui benefícios fiscais às empresas que investirem em cultura]. Só Daniela Mercury conseguiu, há pouco, R$ 800 mil pela lei para montar seu bloco particular. É complicado, isso. E a discussão do espaço público em Salvador é primitiva. Até a esquerda fecha a praia para festa privada no reveillon. Eu cheguei a escrever um artigo sobre isso e um colega de esquerda me enviou um e-mail reclamando, dizendo que ele pagava todas as taxas para usar o espaço. Como se pagar todas as taxas fosse o suficiente para cercar uma praia que é pública.

CM - Mas o Carnaval de Salvador nem sempre foi assim. Em que momento da história ele deixou de ser popular?
CD - O nosso carnaval é muito dinâmico. Se pegarmos do início do século XX até hoje, nós já passamos por quatro ou cinco formas de brincar o carnaval. Da segunda metade do século XX para cá, chegaram os trios eléctricos que romperam com a festa elitizada dos clubes e mansões. Só que hoje, o trio eléctrico é quem atende à elite. A música do Caetano Veloso expressou muito bem a sua época: "Atrás do trio eléctrico só não vai quem já morreu" (1969). É porque o trio eléctrico conduzia o povo democraticamente atrás de si. Com o passar do tempo, esse trio eléctrico foi transformado em mercadoria e instrumento de ganho de capital. Então nasceu a corda para cercá-lo, e surgiram os blocos pagos. Então, atrás do trio eléctrico só vai quem pode pagar. Hoje, mesmo esse modelo é um modelo em crise. Não tem mais como avançar. Ele continua excluindo cada vez mais, só que o mercado fonográfico do Axé entrou em crise. O Axé Music tocava nas rádios brasileiras o ano todo. Agora, mal toca no carnaval. E cada dia mais o número de artistas que surgem é bem menor do que no passado. Se formos verificar a década de 90, explodiu Daniela Mercury, Ivete Sangalo, Carlinhos Brown, Tatau, Margareth e vários. Coisas boas e a maioria tudo ruim. E estavam toda semana nos media. Hoje isso ficou mais restrito. E o pior é que eles vêm com um discurso de que fazem um ‘trio independente'. É um pouco da volta dos trios antigos. Mas isso é uma forma deles conseguirem os patrocínios. E aqueles que pagavam para entrar no bloco estão subindo para os camarotes. E os blocos e os camarotes vivem brigando pelo direito de arena. Isso é o maior sintoma da crise e como o carnaval está se transformando.

CM - Mas e as organizações sociais e agremiações não se mobilizam para melhorar isso?
CD - As organizações sociais precisam discutir isso, mas não há mobilização para rediscutir o papel do carnaval de Salvador. O jornal A Tarde publicou há pouco que muitas entidades e blocos afros estavam com problemas nas contas e não receberiam verba da prefeitura. Depois voltaram atrás e resolveram liberar o dinheiro para não prejudicar todas. E o carnaval popular tem esse tipo de problema. Tem também a questão do tamanho das entidades. O bloco Filhos de Ghandi tem cinco mil pessoas. Outros pequenos afoxés não têm nem setenta batuqueiros. Não dá para eles andarem juntos o tempo todo. Tem outra questão que é muito perversa. Nos folhetos de divulgação do carnaval, parece que há a maior democracia, pois eles colocam todos os blocos na divulgação do cardápio cultural. No entanto, muitos deles não chegam a sair para rua, pois não têm estrutura e nem patrocínio. Isso não é dito nunca. Fica tudo como se fosse uma grande alegria nessa proposta falsa de ‘magia e alegria na Bahia'.

CM - O poder público precisa ser mais actuante na regulação e organização da festa?
CD - Tem uma questão que transcende o próprio Estado. As organizações populares e o próprio Estado ficaram reféns desses seis ou sete nomes que controlam o carnaval. É uma situação extremamente difícil. Uma pessoa do povo vai à rua e se ela não vê um desses blocos ela não foi ao carnaval. É difícil gestar um modelo sem diminuir o poder dessas pessoas, com elas tendo esse efeito bombástico no imaginário popular.

CM - Com a nova administração do Estado nas mãos do Jacques Wagner (PT), que vem com uma proposta progressista depois de anos do sufocamento coronelista dos Magalhães, não há uma abertura para rever políticas para a cultura?
CD - Não vejo agora, que o governo vá tomar uma postura decisiva na mudança desse quadro.

CM - E o senhor coloca nesse bolo o ministro Gilberto Gil. Não é um contra-senso o Gil músico que participa desses megablocos e o Gil ministro que trabalha diversidade cultural?
CD - Gil é o grande homenageado por esses módulos, ele nunca se estabeleceu no centro da cidade. Ele é dono de camarote na Barra. Então eu não vejo muita diferença entre ele e os outros, não. É claro que ele tem uma expressividade e importância muito grande, não serei injusto com ele. Ele tem uma força muito grande com as expressões populares. Mas o Gil músico é o do camarote da Barra, não é o do Gil preocupado em dar outra direcção ao Carnaval da Bahia.

CM - Em outras regiões da Bahia ainda existe o carnaval popular?
CD - Existe, mas é pouco. Nos anos 90, esse modelo de carnaval se reproduziu como uma praga.

CM - Mas até aquela coisa de carnaval o ano inteiro no Brasil acabou, né?
CD - Sim, faz parte da crise. Netinho já chegou a ter 18 blocos em todo o país. A maior facturação deles não era no carnaval. Era nas micaretas o ano todo pelo Brasil. Até em São Paulo tinha o ‘SP Folia'. Mas isso acabou. O modelo está em crise, volto a afirmar.

CM - Nos anos 90, a câmara de vereadores de Salvador chegou a abrir investigação por racismo nos blocos?
CD - Sim. Alguns blocos chegavam a pedir fotografias para quem quisesse comprar o abadá e seleccionavam pela cor os convidados. É claro que hoje não existe mais. A segregação hoje é dos pobres que não podem pagar para brincar a nossa festa mais popular. O capital fala mais alto. E o negro é sinónimo de pobre.

CM - Em sua pesquisa de mestrado, o Sr. trata muito das questões trabalhistas. Quais são os principais problemas?
CD - O trabalho infantil é algo assustador, principalmente com os catadores de latas de alumínio. Isso eu já venho denunciando desde 2000 e ninguém toma uma providência. Outro problema eterno sem solução é a condição de trabalho dos cordeiros (as pessoas que carregam as cordas dos blocos particulares). Eles trabalham em condições extremamente precárias. Boa parte deles tem problemas auditivos por trabalharem sem protectores auriculares, não têm luvas e a alimentação é pouca. E no fim de tudo isso, a remuneração é miserável, cerca de R$ 10 por dia, isso quando recebiam. Eu falo essas coisas porque ninguém fala. Todos falam apenas das belezas. Eu não sou porta-voz da beleza. Eu sou o porta-voz dos problemas. Problemas que precisam de soluções urgentemente.

(*) Em parceria com Cultura & Mercado

(...)

Neste dossier:

Dossier Carnaval – foto Papangus no Carnaval de Olinda, Pernambuco, Brasil

Dossier Carnaval

Em época de Entrudo e de folia, o Esquerda.net republica o dossier organizado por Luís Leiria, de 2007, dedicado a esta grande festa popular: desde as suas origens até à particularidade dos carnavais de Veneza e do Brasil. Divirta-se!

Entrudo em Tourém, Montalegre - Foto extraída de naturbarroso.net

O Entrudo em Tourém, Montalegre

De entre todas as celebrações cíclicas anuais, o Entrudo ou Carnaval é das que maior riqueza de aspectos apresenta, além de uma grande variedade de elementos e de uma característica complexidade de significações.
Podendo a sua origem ser mais arcaica, é contudo nos velhos ritos romanos de celebração do fim do Inverno e de início de Primavera que deve ser encontrado o seu sentido mais genuíno. Apesar dos seus rituais pagãos, as comemorações do Entrudo ultrapassaram as fronteiras da Europa acompanhando a difusão do cristianismo.

Torres, o mais popular carnaval português

Tudo leva a crer que as facécias de Carnaval em Torres Vedras, tal como hoje o conhecemos, tenham emergido no rescaldo da luta dos republicanos contra a dinastia dos Braganças. A imponência das vestes reais em que se integram elementos de ridículo como o ceptro régio transmudado em corno ou o leque de Sua Sereníssima Alteza, a Rainha, alterado para abano de fogareiro plebeu, parecem credibilizar esta génese. A actual festa do Carnaval de Torres, nascida em 1923 contem já os elementos distintivos que hoje permanecem : os Reis, as matrafonas, o cocotte, os carros alegóricos, os cabeçudos e a espontaneidade.

Frevo – foto de cartaeducacao.com.br

O frevo fez cem anos

Carnaval não é só samba. O frevo, uma "combinação de canto, toque e dança", domina ainda o carnaval de alguns estados do Nordeste brasileiro, como Pernambuco e Paraíba. Este ano, o frevo faz cem anos e passou a ser classificado património imaterial da cultura brasileira. Neste artigo da Carta Maior, o jornalista Edson Wander conta a história deste ritmo contagiante e destaca as principais iniciativas destinadas a comemorar o centenário.

Veneza: bailes medievais e mascarados à moda setecentista

Enquanto as madrinhas de bateria se requebram e os trios eléctricos fazem tremer as avenidas no Brasil, bailes medievais e mascarados à moda setecentista comemoram a mesma festa - a quilómetros e séculos de tradição de distância -, em Veneza.
O uso de máscaras em Veneza data dos anos 1200 e representava uma maneira de viver uma "loucura legal", ou seja, escondidos pelo ornamento, os venezianos permitiam-se quase tudo. No começo do século 14, surgiram leis que restringiam as traquinices mascaradas, na tentativa de travar a decadência moral.

Moacyr Scliar (1937-2011) - Foto: Cia das Letras/Divulgação

Os que não gostam de Carnaval

Há exactamente 65 anos, Dorival Caymmi compôs o histórico Samba de Minha Terra, cuja letra é categórica: Quem não gosta de samba/ bom sujeito não é/ é ruim da cabeça/ ou doente do pé. Com isto dividiu a humanidade, ou, pelo menos, os brasileiros, em dois grupos: os que gostam e os que não gostam de samba. Que correspondem a dois outros grupos, os que gostam e os que não gostam de Carnaval - protagonistas de uma oposição tão ferrenha que provavelmente os transformará em protagonistas da Batalha Final.

Atriz Cris Vianna, raínha da bateria da Imperatriz Leopoldinense, 2016 – Foto wikipedia

Carnaval no Brasil: de manifestação popular a empreendimento comercial

Nesta crónica publicada na Folha de S. Paulo em 2005, o poeta Ferreira Gullar lembra como o desfile das escolas de samba do Rio de Janeiro foi evoluindo da avenida para o sambódromo, tornando-se no que é hoje: as mudanças acabaram por descaracterizar a apresentação das escolas de samba, que hoje está transformado num empreendimento comercial, visando mais o lucro do que a qualidade e a autenticidade dessa manifestação cultural popular, originalmente carioca, hoje nacional.

Escola de samba Imperstriz Leopoldinense

Documentário sobre uma escola de samba do Rio de Janeiro

Os vídeos que se seguem são parte de um documentário sobre a escola de samba Imperatriz Leopoldinense, "Imperatriz do Carnaval", de Medeiros Schultz. Neles é possível ver a cidade do Rio de Janeiro que se prepara para o Carnaval, o ensaio da bateria da escola de samba, a descrição de cada um dos instrumentos da bateria, e o ensaio final no barracão da escola.

Máscaras do Carnaval de Veneza

Entre o riso e o sagrado

O Padre e Filósofo Anselmo Borges, num artigo publicado no Diário de Notícias, valoriza a dimensão «catártica» do Carnaval: «O homem não é só sapiens. Ele é sapiens e demens: sapiens sapiens e demens demens (duplamente sapiente e duplamente demente). Por mais que a sociedade tente normalizar comportamentos, haverá sempre explosões de alegria, excessos, desmesuras e loucuras.» E lembra que «foi tardiamente que os cristãos aceitaram os festejos carnavalescos às portas dos rigores quaresmais. Apesar das tentativas da Igreja oficial para travá-los, eles continuaram e impuseram-se». Porque o sagrado não sobrevive sem o riso.

Giovanni Domenico Tiepolo (1727-1804), Scène Carnival, le menuet, 1750, Musée du Louvre, Paris – Foto wikipedia

História do Carnaval

Muitas são as teorias e opiniões sobre a origem do Carnaval. Mas numa ideia todas elas convergem: a transgressão, o corpo, o prazer, a carne, a festa, a dança, a música, a arte, a celebração, a inversão de papéis, as cores e a alegria, fazem parte da matriz genética de uma das manifestações populares mais belas do Mundo.

Padre Mário de Oliveira – Foto extraída de viriatoteles.com

Deus gosta mais do Carnaval

Numa Quarta-feira de Cinzas, o Padre Mário de Oliveira escreveu no seu diário um texto precioso sobre a forma como a Igreja venera o dia que se segue ao Carnaval: «Mas como é que Deus poderia gostar mais do dia de hoje, Quarta-feira de cinzas, do que do dia de ontem, Carnaval? Não é Ele o Deus da Alegria e da Festa? Não é Ele o Deus da Vida e dos Vivos? Não é Ele o Deus da Plenitude e da Abundância? Não é Ele o Deus do Excesso e da Ressurreição? (...) A humanidade, cada vez mais liberta da nefasta influência do clero católico e da sua ideologia moralista, também gosta mais do Carnaval, do que da Quarta-feira de cinzas». Para ler devagarinho e aos bocadinhos.

Bloco da Capoeira no circuito Campo Grande, Salvador - Foto wikipedia

“Atrás do trio eléctrico só vai quem pode pagar”

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Maria Rita interpretando a canção "Todo Carnaval tem seu fim"

Epílogo: Todo Carnaval Tem Seu Fim

Para encerrar o dossier Carnaval, a canção "Todo o Carnaval Tem Seu Fim", na interpretação da cantora Maria Rita.