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Agro-combustíveis estão a ser fomentados por UE e EUA
A escalada de preço do petróleo e dos restantes combustíveis fósseis, por esgotamento das reservas mundiais e instabilidade política dos países produtores, a par da problemática das alterações climáticas, tem motivado a procura de alternativas energéticas. Os agro-combustíveis, anunciados como uma energia renovável, surgem como uma solução de primeira linha para substituir o exponencial consumo de combustíveis fósseis e as emissões de gases de efeito de estufa (GEE) no sector dos transportes. A U.E. e os E.U.A. lideram este processo, acompanhados pelos outros países mais ricos do mundo.
No início do século XXI os combustíveis fósseis totalizavam cerca de 80% das fontes primárias de energia mundial, sendo que apenas 10 dos países mais ricos consomem cerca de 80% da energia produzida no mundo.
A queima de combustíveis fósseis para a produção de energia (electricidade, indústria e transportes) é a principal causa apontada para o aquecimento global e as alterações climáticas. Em média, cerca de 75% das emissões de CO2 nos últimos 20 anos resultaram da combustão de combustíveis fósseis.
O último relatório da Agência Internacional de Energia (IEA, 2004) aponta que as emissões globais anuais de CO2 para a atmosfera vão aumentar 60% até 2030 se não houver mudanças significativas nas políticas energéticas.
Actualmente, o sector dos transportes é responsável por 21% das emissões globais de GEE, e as projecções não são animadoras: a procura internacional de transporte de mercadorias pode triplicar até 2050, e aumentar de 131% no transporte de passageiros. Ao mesmo tempo, as emissões no sector aumentarão de 125%. O consumo final de energia no sector é de 31% hoje e deverá aumentar de 20% na próxima década.
A União Europeia e os Estados Unidos estão a fomentar o aumento de produção de agro-combustíveis, como alternativa aos combustíveis fósseis.
Na U.E. foi lançada em 2003 uma Directiva (2003/30/CE, de 8 de Maio) para promover o uso de agro-combustíveis nos transportes, propondo que cada Estado Membro substitua 5,75% do combustível convencional até 2010, estabelecendo recentemente uma meta vinculativa de 10% até 2020.
George W. Bush, que não aceita metas de redução das emissões de GEE, propôs os agro-combustíveis para curar a dependência do país em relação ao petróleo. Foi acenada uma "visão de mil milhões de toneladas" para a indústria dos agro-combustíveis em meados deste século, que fornecerão 30% da utilização de combustíveis dos EUA, caso consiga aumentar em 50% as suas colheitas. Neste momento, já estão a funcionar nos EUA pelo menos 120 destilarias para combustíveis vegetais e é inaugurada uma por semana. Além disso, os EUA multiplicam acordos com países da América Latina, escolhendo como grande aliado o presidente do Brasil, Lula da Silva, para a expansão dos cultivos de agro-combustíveis nesses países, procurando a importação a preços baratos e o domínio internacional de uma nova mercadoria muito lucrativa.
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