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Agro-combustíveis e comércio de emissões
A expansão dos agro-combustíveis encontra a sua vida facilitada no âmbito dos mecanismos de mercado previstos no Protocolo de Quioto, que serão reforçados nas negociações pós-Quioto. A inclusão deste tipo de projectos no Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL) permite que os mais ricos e poluidores obtenham créditos de emissão para continuar a poluir pelo investimento nos agro-combustíveis.
Esta representa bem a perversidade do comércio de emissões e mecanismos de mercado associados: não só permite que os mesmos continuem a poluir, a qual afecta em primeiro lugar os mais pobres porque mais vulneráveis, como o faz através da destruição ambiental e da condenação à miséria e fome das comunidades mais pobres nesses países.
Por outro lado, as instituições financeiras internacionais (Banco Mundial, Banco Interamericano, etc) concedem subsídios e apoios a este tipo de projectos, beneficiando as grandes multinacionais, e são elas próprias investidoras para obtenção de créditos de emissões que negoceiam no mercado internacional.
Mas um sinal da ainda maior perversidade da expansão dos biocombustíveis nos países do Sul, é que os países do Norte conseguem reduzir as suas emissões no sector dos transportes, contabilizadas para o esforço de redução nacional a que estão obrigados, ao mesmo tempo que aumentam as emissões nos países mais pobres e, portanto, a nível global. Isto significa que não se estão a reduzir as emissões globais de GEE e a mitigar as alterações climáticas, apesar de aparentemente os países mais ricos estarem a reduzir as suas emissões. Uma estimativa da Agência Europeia de Ambiente (Relatório n.º7/2006) aponta que, em 2050, mais de 50% das reduções de emissões do Norte serão deslocalizadas para o Sul, sobretudo na forma de investimentos através do MDL.
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