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Relatório da ONU: Imigrantes já chegam a 191 milhões
Um relatório sobre migração internacional e desenvolvimento, apresentado pelo secretário-geral das Nações Unidas, Kofi Annan, mostra que há 191 milhões de migrantes no mundo.
Em 1990, o número era de 155 milhões - um aumento de 36 milhões, ou 23%, desde a Convenção Internacional sobre a Protecção dos Direitos dos Trabalhadores Migrantes e das Suas Famílias, aprovada pela Assembleia Geral da ONU naquele ano.
Adaptado de um artigo de Alexandra Moraes, Folha de S. Paulo, 8/6/2006
Segundo o estudo, conduzido em 2005, a maioria das pessoas que deixam os seus países de origem tem como destino preferido países mais ricos. Só os Estados Unidos abrigam hoje cerca de 20% dos migrantes. A Europa, como um todo, recebe 34%. Individualmente, EUA, Rússia e Alemanha são os três países que mais recebem estrangeiros.
Mas o número de pessoas que se mudam de países em desenvolvimento para outros na mesma condição não é pequeno: 75 milhões. Segundo o relatório da ONU, os estados de origem podem ter nos emigrantes uma parte importante das suas riquezas - a minúscula Tonga, por exemplo, encabeça a lista dos 20 países com maior participação percentual de remessas de expatriados no PIB, com 31%. Haiti, Bósnia-Herzegovina, Líbano e os recém-separados Sérvia e Montenegro também fazem parte desse grupo.
O Brasil ocupa a 13ª posição noutra lista, a dos 20 países que receberam a maior quantidade absoluta de dinheiro vindo de imigrantes em 2004, com US$ 3,6 mil milhões. A Índia aparece em primeiro lugar, com US$ 21,7 biliões, seguida por China e México.
"A migração internacional, apoiada em políticas corretas, pode ser altamente benéfica para o desenvolvimento tanto dos países de onde [os migrantes] vêm quanto daqueles aonde chegam", concluiu o secretário-geral na Assembleia Geral da ONU, na última terça.
Exploração
O relatório, no entanto, ressalta que a experiência de migração evoluiu de modo não muito positivo. "Migrantes de ambos os sexos são cada vez mais expostos a exploração e abuso por contrabandistas e traficantes, às vezes perdendo as suas vidas", diz o documento, que afirma não ser possível mesurar em números o real alcance do problema.
O relatório também cita discriminação, xenofobia e racismo como outros problemas enfrentados por imigrantes "como resultado do aumento de tensões religiosas e culturais nalgumas sociedades".
Refugiados
O número de refugiados caiu desde 1990, de 18,5 milhões para 13,5 milhões em 2005. Países em desenvolvimento abrigam 10,8 milhões desses refugiados - 7,8 milhões na Ásia e outros 3 milhões na África. Segundo o relatório, 48% dos refugiados são mulheres.
Entre 1990 e 2004, 21,5 milhões de refugiados foram voluntariamente repatriados. Desses, 6,9 milhões retornaram ao Afeganistão - o que contribuiu também para a queda do Irão e do Paquistão no ranking dos 20 países que recebem o maior número de imigrantes. Os países eram os principais destinos dos 20% da população que deixou o Afeganistão desde 1979, ano da invasão soviética.
Os refugiados constituem 23% dos migrantes dos países menos desenvolvidos e são 18% dos migrantes africanos.
O Ministro do Interior do Senegal, Ousmane Ngom declarou à rede britânica BBC que a migração não poderá ser erradicada enquanto "permanecer como um instrumento da história" cujas vantagens são "imensas".
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