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A união de pacto

A escolha não é entre a austeridade do PS, com ou sem ‘D’, com ou sem CDS. A escolha é entre o défice e as pessoas, entre o emprego e a usura, entre o crescimento económico e a recessão.

A Europa deliberou um novo pacote de austeridade. A imperatriz Merkel apresentou-o ao mundo enquanto pacto pela competitividade. O baptismo recente foi com o nome de Pacto pelo Euro. Qualquer semelhança com o programa eleitoral do bloco central (não será bloco de direita?!) não será pura coincidência.

A chantagem já começou e as vozes vão-se reforçando. O apelo ao bloco central, com ou sem CDS, já começa a ser ecoado. De dentro dos próprios partidos saem já vozes neste sentido. Com ênfase para depois das eleições, é certo, mas vários se perfilam para padrinhos deste casamento, como Mário Soares, Luís Amado, António Vitorino, Marcelo Rebelo de Sousa, Alberto João Jardim…

José Sócrates não tem programa para além da austeridade. É essa a promessa que tem para fazer ao país. Foi isso que aconteceu em Bruxelas, onde votou pela aprovação do acordo de princípio relativo ao Pacto pelo Euro. A receita era conhecida e o PEC IV apresentava já muitas destas medidas. Este é um ataque às pessoas e à economia, com o controlo do custo dos salários, a adopção de limites ao endividamento público nas legislações nacionais, a adaptação da idade de reforma à esperança de vida e a harmonização dos impostos sobre as empresas, etc... É o compromisso de que no futuro, Portugal e a Europa serão ainda mais desiguais e menos solidários. É a auto-estrada para a recessão prolongada.

Passos Coelho escreveu em inglês para alemão ver, que a sua austeridade não é muito diferente da de Sócrates. As contradições com as promessas ficam bem à vista e a subserviência às vontades de Merkel mantém-se. Dizia que não mexeria no IVA, mas agora já promete que poderá aumentar esse imposto até 25%. Depois do PSD ter votado contra o PEC IV na Assembleia da República, Passos Coelho foi a Bruxelas dizer que essa seria a sua cartilha.

O PS dirá que vem aí a direita, mas é com a direita que deseja ficar no governo após as eleições. O PSD dirá que o PS é incompetente, mas, seguindo as mesmas políticas, não se coibirá de fazer essa tal grande maioria que Teixeira dos Santos pediu. Cavaco Silva já reuniu com os partidos e proporá eleições até ao início de Junho, ansiando por esse grande bloco central.

O cenário clarifica-se a cada dia que passa. Cavaco, PS e a direita querem um governo forte para impor a austeridade. A esquerda mobiliza-se para bater, nas urnas, essa austeridade. A escolha não é entre a austeridade do PS, com ou sem ‘D’, com ou sem CDS. A escolha é entre o défice e as pessoas, entre o emprego e a usura, entre o crescimento económico e a recessão. Ninguém, à esquerda, pode faltar neste combate!

Sobre o/a autor(a)

Deputado, líder parlamentar do Bloco de Esquerda, matemático.
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