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8 de Março: Simbolismo ou luta permanente?

A par da luta contra a violência, o direito ao trabalho e à independência económica devem estar no centro das reivindicações das mulheres neste dia 8 de Março de 2011.

No dia internacional da Mulher, devemos não só reafirmar a nossa memória colectiva evocando as conquistas politicas económicas e sociais já alcançadas pelas mulheres, mas também, e sobretudo evidenciar o muito que ainda está por fazer quanto ás inadmissíveis discriminações que persistem no século XXI.

Ainda que muitos liberais e neoliberais pretendam confundir o 8 de Março tentando transformá-lo numa data meramente simbólica, em que se oferecem postais com poemas insípidos e lamechas ou apenas flores de todas as formas e feitios, a verdade é que esta é uma data que deve ser amplamente comemorada por tod@s as que lutam numa sociedade capitalista e patriarcal contra as diferentes discriminações de que as mulheres são alvo.

Ainda que os discursos oficiais exaltem que a igualdade de género é hoje um dado adquirido, tal discurso caí por terra quando um século passado as desigualdades salariais persistem e as discriminações na área do trabalho são mais do que evidentes.

Não se pergunta a um homem candidato a um emprego se pensa casar, se tem filhos ou tem intenção de ser pai!

Convive-se muito bem com a desproporção que existe nos cargos de chefia e de direcção, nos cargos políticos e até nos cargos governamentais.

Admite-se como normal que as empresas dispensem mais facilmente as mulheres justificando o seu absentismo motivado a maior parte das vezes por assistência aos seus filhos e progenitores.

E se estas são questões particularmente graves, a gravidade do número de mortes em 2010 (43 contra as 29 contabilizadas em 2009) torna evidente o falhanço das políticas do governo nesta área, quando a maior parte dos casos foram antecedidas de denúncias.

Neste tempo de incerteza como o que vivemos, multiplicam-se sempre as solicitações geradoras de descrenças e dúvidas, desmoralizando as lutas, enviesando a participação, camuflando de consenso “mole” as contradições óbvias. Acho por isso necessário que novas linhas de intervenção e de activismo terão que emergir para que a igualdade de género seja de facto alcançada. A par da luta contra a violência, o direito ao trabalho e à independência económica devem estar no centro das reivindicações das mulheres neste dia 8 de Março de 2011.

Sobre o/a autor(a)

Dirigente do Bloco de Esquerda, funcionária pública.
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