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Irlanda: Colapso eleitoral do partido que levou o país ao FMI

Fianna Fáil perdeu 60 deputados, Verdes foram varridos do Parlamento. Vencedor é o Fine Gael, que deve fazer coligação com os trabalhistas. Esquerda tem avanços importantes.
Enda Kenny, líder do Fine Gael. Foto wikimedia commons

O Fianna Fáil, o partido que conduziu a Irlanda à crise financeira, ao resgate dos bancos e ao FMI, foi violentamente castigado pelos eleitores e sofreu um verdadeiro colapso eleitoral, perdendo 60 deputados e obtendo apenas cerca de 17% dos votos (a apuração dos resultados ainda não terminou). O seu parceiro na coligação do governo, os Verdes, foi varrido do Parlamento, não elegendo qualquer deputado.

O Fianna Fáil dominou a política irlandesa desde a independência, em 1921. Agora, terá conseguido eleger apenas um deputado por Dublin.

O vencedor é o Fine Gael, que obtém pelo menos 68 deputados (mais 17), correspondendo a 36,1%, seguido dos trabalhistas que elegeram 35 (mais 15), correspondendo a 19,4%. A esquerda também teve um crescimento significativo, com o Sinn Féin a eleger 13 deputados (mais 9), correspondendo a 9,9%, e a United Left Alliance – que reúne a People Before Profite Alliance, constituída, na sua maioria, por membros do Socialist Workers Party, o Socialist Party e o Workers and Unemployed Action Group – a eleger 5 deputados.

Apesar da vitória histórica, o Fine Gael fica aquém da maioria absoluta em que chegou a acreditar nos últimos dias da campanha, não devendo chegar aos 84 deputados necessários para ter maioria absoluta no Dáil (a câmara baixa do Parlamento).

Assim, o mais provável é que o Fine Gael avance para uma coligação com os trabalhistas.

"Isto é o desmoronamento do Fianna Fáil", disse à Reuters David Farrell, professor de Política da University College de Dublin.

Enda Kenny, líder do Fine Gael, disse ter recebido um "enorme aval" para governar. "Estamos às vésperas de mudanças fundamentais na forma como percebemos a nossa economia e sociedade", disse.

Kenny disse que vai renegociar o pacote de 85 mil milhões de euros de empréstimos feitos pelo Fundo Monetário Internacional e pela União Europeia, tentando em particular reduzir a taxa de juros de 5,8% imposta pela UE.

Gerry Adams, líder do Sinn Féin, disse que um bom governo tem de ter uma boa oposição, e garantiu que o seu partido vai-se opor às medidas “anti-cidadania” e de de “analfabetismo económico” propostas pelos partidos do establishment.

A Irlanda foi o primeiro país que sofreu intervenção do FMI a ir às urnas.

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