You are here

Debate sobre precariedade

Bloco pôs em evidência que o Governo esconde mal uma complacência de facto com a prevalência da precarização das relações laborais. Solidariedade com o povo líbio também foi destaque.

A solidariedade com todos os que lutam pelos direitos humanos tem que ser um critério primordial da acção política. O Bloco de Esquerda levou esta semana essa mensagem clara ao parlamento. No seguimento do voto de solidariedade com a luta pela democracia no Egipto – que tinha apresentado há duas semanas e que PS e PSD reprovaram juntos – o Bloco quis afirmar o seu repúdio pelo louco uso da força contra os homens e as mulheres que, também na Líbia, se mobilizaram para pôr fim à tirania. No debate que assim suscitou, ficou bem patente a diferença entre uma esquerda que não desiste de ser internacionalista e solidária e um bloco central rendido à conveniência de uma realpolitik ao sabor do império dos negócios e incapaz de aprender que, na Líbia como no Egipto ou na Tunísia, o apoio europeu à perpetuação de ditaduras a pretexto da prevenção do fundamentalismo foi, afinal, o maior estimulador da atracção por esse mesmo fundamentalismo.

Essa cultura de que o possível aquém do desejável é o único desejável possível marcou também os debates sobre a precariedade ocorridos esta semana. Pela mão do CDS e do PSD, o remédio contra a precariedade é sempre mais precariedade – desde o alargamento dos prazos para contratos de trabalho a termo até à admissão de contratos de trabalho não escrito e à ausência de indemnizações por despedimento de trabalhadores nessas circunstâncias, tudo é possível para os partidos da direita parlamentar.

Mas, como o Bloco pôs em evidência no debate com o Primeiro-Ministro, o Governo esconde mal atrás do seu repúdio retórico desse regresso ao Sec. XIX uma complacência de facto com a prevalência da precarização das relações laborais. O desconforto visível de José Sócrates quando confrontado pelo Bloco com as responsabilidades do Governo no despedimento dos trabalhadores da Groundforce pela TAP-Estado seguido da sua contratação por uma empresa de trabalho temporário para prestação das mesmas funções na Portway (que é da ANA-Estado), foi o rosto indisfarçável dessa cumplicidade.

Artigos relacionados: 

Sobre o/a autor(a)

Professor Universitário. Dirigente do Bloco de Esquerda
Termos relacionados Política, semana parlamentar
(...)