You are here

Solidários com Gaza sob fogo israelita

A “Flotilha da Liberdade” juntou ONG internacionais numa viagem por mar com ajuda humanitária para a faixa de Gaza, denunciando o bloqueio israelita. O exército assaltou os barcos e matou 9 activistas.
Concentração em Madrid à porta da embaixada de Israel. Foto Carlos Barbudo/Flickr

Em Maio de 2010, o mundo acordava com imagens chocantes do assalto militar israelita a um barco com ajuda humanitária com destino a Gaza. Com a maioria dos passageiros desarmados, entre os quais mulheres e crianças, os soldados não hesitaram em disparar à queima roupa, executando nove dos activistas no local. Outras centenas de activistas foram presos em Israel e na maioria imediatamente repatriados para os países de origem. Foi a resposta de Telavive ao que chamou de “provocação” destas organizações que visavam denunciar o bloqueio a Gaza, território empobrecido e devastado pelas bombas da aviação israelita do ano anterior.

 

Algumas das embarcações eram de bandeira turca, o que fez subir a tensão entre os dois países. A condenação internacional a este ataque começou na Palestina, com um comunicado de organizações da sociedade civil a defenderem “a livre passagem até Gaza para as 750 pessoas de consciência de 40 países diferentes, entre os quais 35 eleitos internacionais que tentaram quebrar o bloqueio israelo-egípcio” a Gaza. E apelaram a uma “resposta mundial para considerar Israel responsável pelo assassinato de civis estrangeiros no mar e pirataria ilegal de embarcações civis carregadas de ajuda humanitária para Gaza”.

 

Por todo o mundo, e também em Portugal, realizaram-se concentrações de solidariedade com a Flotilha da Liberdade. "Este não foi o primeiro ataque e infelizmente não será o único", disse Ziyaad Lunat, do Comité de Solidariedade com a Palestina, na concentração em frente à embaixada de Israel em que apelou a uma posição firme do governo português de repúdio. Na Assembleia da República, José Manuel Pureza defendeu o voto de condenação do ataque israelita e do bloqueio a Gaza.

 

A pressão da diplomacia israelita sobre os media para transformar em perigosos terroristas os activistas que seguiam nos barcos foi enorme os dias que se seguiram ao ataque. E a União Europeia não deixou que este massacre em alto mar beliscasse a relação privilegiada com Israel, apelando apenas à constituição dum inquérito “completo e imparcial” sobre o que se passou. Num artigo publicado no esquerda.net, o escritor israelita Uri Avnery elencou uma listas de perguntas a que Israel deveria responder, isto “se houvesse uma Comissão de Investigação séria”...

 

Meses depois do assalto aos barcos, quatro militares israelitas foram condenados por terem roubado computadores portáteis e outros objectos dos activistas presos, revendendo-os depois no mercado negro. Por seu lado, a missão de inquérito do Conselho de Direitos Humanos da ONU disse que o assalto foi “desproporcionado” e de “uma violência incrível e desnecessária”. O relatório adianta a lista das possíveis acusações, previstas à luz da Convenção de Genebra: “assassino premeditado, tortura ou tratamento desumano, ou causar de propósito grande sofrimento ou feridas graves”.

(...)

Neste dossier:

O Mundo em 2010

Em época de balanço do ano, relembramos aqui alguns dos factos que marcaram o mundo em 2010. Começando pela catástrofe que arrasou o Haiti em Janeiro, e concluindo com a primeira grande derrota eleitoral de Barack Obama.

Haiti: o terramoto e a herança colonial da pobreza

Um terramoto como o que atingiu a capital do Haiti teria causado enormes danos em qualquer cidade do mundo. Mas a amplitude da catástrofe resultou de uma herança directa do mais brutal sistema de exploração colonial da história.

Deepwater Horizon, o maior desastre ambiental dos EUA

A explosão duma plataforma petrolífera da BP no Golfo do México provocou o maior desastre ambiental da história dos EUA e levantou a questão da falta de segurança e respeito pela legislação ambiental por parte desta multinacional do petróleo.

A crise das dívidas soberanas

Como um castelo de cartas, a crise começou pela Grécia, alastrou à Irlanda, e prepara-se para apanhar Portugal. A banca e os seus agentes querem utilizar esta Grande Recessão para conseguir debilitar o estado de bem-estar, reduzir a dimensão social da Europa e reduzir os direitos sociais e laborais.

Solidários com Gaza sob fogo israelita

A “Flotilha da Liberdade” juntou ONG internacionais numa viagem por mar com ajuda humanitária para a faixa de Gaza, denunciando o bloqueio israelita. O exército assaltou os barcos e matou 9 activistas.

Barack Obama anuncia oficialmente o fim da Guerra do Iraque

Mas 50 mil soldados norte-americanos continuam num país devastado, com uma taxa de desemprego de 25% a 50%, doenças epidémicas sem controlo e 53% da população urbana a viver em bairros de lata.

Cuba anuncia reformas económicas

O anúncio veio em Setembro, pela voz da central sindical: a “actualização do modelo económico” de Cuba vai levar ao despedimento de um milhão de funcionários públicos e ao fim do subsídio de desemprego. Fidel e Raul Castro vão apostar na dinamização do sector privado, esperando que este absorva quem deixe de trabalhar para o Estado.

Derrota dos democratas nas eleições dos EUA

Republicanos obtêm a maior vitória de um só partido desde 1948 na Câmara de Representantes. Democratas mantêm maioria no Senado e viram à direita depois das eleições, dando assim razão ao Tea Party.

O ano das greves gerais

O ano que se encerra foi marcado por uma combatividade sem precedentes. Nenhum dos problemas foi solucionado, o que parece ser o prenúncio de confrontos ainda maiores no próximo período.