You are here

“O governo aplica a receita FMI”

O debate de urgência marcado pelo Bloco, sobre a situação social e laboral, ficou marcado pela recusa do governo em garantir a actualização do salário mínimo nacional, prevista para 2011 e acordada na concertação social. Por João Semedo.

A semana parlamentar foi curta: terminou na quarta -feira, por força das jornadas do PS terem sido marcadas para dias em que habitualmente se reúne o plenário da Assembleia. Mas, uma semana intensa de debate político em torno dos temas, quer nacionais quer internacionais, que o Bloco levou ao Parlamento.

O debate de urgência marcado pelo Bloco, sobre a situação social e laboral, ficou marcado pela recusa do governo em garantir a actualização do salário mínimo nacional, prevista para 2011 e acordada na concertação social. Ficou claro que o governo vai promover a precariedade e o desemprego, facilitar os despedimentos individuais e colectivos e baixar o valor das indemnizações aos trabalhadores despedidos, medidas anunciadas umas horas antes pelo patrão dos patrões e mais tarde confirmadas pelo conselho de ministros, reunido nesse mesmo dia. O governo aplica a receita FMI e cumpre as ordens do directório europeu.

Pela voz do Bloco de Esquerda, o parlamento ouviu – em silêncio e sem réplica, as revelações incómodas do WikiLeaks sobre os voos da CIA, que comprometem o governo português e mostram que José Sócrates não disse a verdade ao Parlamento quando, em resposta a Francisco Louçã, afirmou que o governo português nada sabia nem fora consultado e muito menos autorizara a utilização da base das Lages ou a passagem pelo nosso espaço aéreo de aviões para o transporte ou a transferência de prisioneiros.

O Parlamento aprovou o projecto de lei do Bloco que faz regressar às embalagens dos medicamentos a indicação do seu preço, em nome do direito dos cidadãos à informação e à transparência. Recentemente, o governo por pressão das empresas farmacêuticas dispensou a indústria dessa obrigação. Sem preço na embalagem, governo e farmacêuticas ficariam de mãos livres para mexer nos preços e nas comparticipações sempre que entendessem e os cidadãos ficariam impedidos de se certificarem sobre o valor que pagam pelos medicamentos que compram na farmácia.

Mais uma vez, entre os desejos da poderosa indústria farmacêutica e os direitos dos cidadãos, o governo e o PS escolhem os primeiros. Lamentável.
 

Termos relacionados FMI, Política, semana parlamentar
(...)