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Wikileaks: Julian Assange obteve liberdade condicional mas Suécia recorreu

Assange permanecerá na prisão, pelo menos até que o recurso interposto pelas autoridades suecas seja decidido no Supremo Tribunal, em Londres. Na sala de audiências estavam John Pilger e Ken Loach, entre muitas outras figuras públicas, e jornalistas que relataram o julgamento via Twitter.
No exterior do tribunal, no centro de Londres, reuniram-se dezenas de manifestantes apoiantes de Julian Assange, da Wikileaks e pela liberdade de expressão e informação. Foto Andy Rain/EPA/LUSA.

A liberdade condicional tinha sido conseguida com uma fiança de 200 mil libras (235 mil euros) mas as autoridades suecas recorreram da decisão do tribunal e agora, no prazo de 48h o Supremo Tribunal decidirá, adianta a BBC News.

Falando no exterior do tribunal, o advogado do porta-voz da Wikileaks, Mark Stephens, afirmou estar convencido de que as autoridades suecas não olharão a meios para manter o Julian Assange na prisão, cita o The Guardian.

Segundo adianta o jornal britânico The Guardian, as condições para a concessão de liberdade condicional incluíam a exigência de que Assange entregasse o seu passaporte às autoridades britânicas, que tivesse residência controlada e uma pulseira electrónica. Só teria de voltar a tribunal a 11 de Janeiro

Assange compareceu esta tarde, terça-feira, perante um juiz em Londres, numa audiência destinada a decidir o direito a liberdade condicional enquanto aguarda a extradição para a Suécia, onde as autoridades querem interrogá-lo devido a acusações de crimes de natureza sexual.

Várias figuras públicas tinham prometido dinheiro para um fundo destinado a pagar a fiança de Assange, se esta lhe fosse concedida. Esta terça-feira, Ken Loach prometeu 20 mil libras (23,521 euros) e o realizador norte-americano Michael Moore 20 mil dólares (14.936 euros). Ao todo, mais de 200 mil libras foram oferecidas a favor da libertação de Assange.

Segundo o Público, poucos minutos após ser conhecida a sentença, Michael Moore "tweetou" logo: "Vou enviar já hoje o dinheiro para pagar a fiança. Não vou ficar parado e ver um descarrilamento. A WikiLeaks salvou vidas". Este 'tweet' vem no seguimento de uma longa conversa no Twitter que se transformou numa verdadeira campanha por Assange e a favor do Wikileaks, contra a reacção norte-americana após a divulgação dos telegramas diplomáticos norte-americanos.

A comparência de Assange perante o juiz em tribunal suscitou um interesse mediático enorme, digno de uma estrela de rock. Na sala de audiências estavam Bianca Jagger, a “socialite” e angariadora de fundos para vária causas Jemima Khan, o realizador Ken Loach, o jornalista australiano John Pilger, Fatima Bhutto, a sobrinha da ex-primeira-ministra paquistanesa Benazir Bhutto, o escritor e colonista no The Guardian Henry Porter, o escritor e activista Tariq Ali e a jornalista Heather Brooke, que se tornou conhecida ao conseguir revelar as despesas cobradas pelos deputados britânicos ao erário público, que tanto escândalo causaram.

O juiz interditou que fossem gravadas imagens ou sons no interior do tribunal, mas emitiu uma autorização especial para que fossem enviados tweets – mensagens para o site de microblogging Twitter. Heather Brooke e Alexi Mostrous (The Times) são dois dos jornalistas que estão a enviar tweets.

Durante a madrugada foi conhecida uma declaração de Assange, divulgada pela sua mãe, Christine Assange, em que o australiano garantia não ter arredado pé das suas convicções. “Continuo fiel aos ideais que expressei. Estas circunstâncias não os abalarão. Este processo só aumentou a minha determinação em considerá-las verdadeiras e correctas”, diz Assange, no depoimento escrito que a mãe divulgou no Channel 7 australiano, citado pelo Público.

E não só, denunciou ainda as empresas que deixaram de trabalhar com a Wikileaks: "Agora sabemos que a Visa, a Mastercard e a PayPal são instrumentos da política de negócios estrangeiros americana. Era algo que não sabíamos até agora".
 

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