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Banco do Vaticano a contas com lavagem de dinheiro

O Banco do Vaticano está sob a alçada de novas investigações da justiça italiana desta feita devido a alegados casos de lavagem de dinheiro envolvendo sacerdotes como testas de ferro de barões da Máfia.
Banco do Vaticano é investigado pela justiça italiana em casos de lavagem de dinheiro ligado à Máfia

Em Setembro passado, a polícia italiana apreendeu activos do Instituto para as Obras Religiosas (o Banco do Vaticano) no valor de 23 milhões de euros. O Vaticano qualificou a iniciativa como um “mal-entendido”, manifestando o desejo de que o caso se esclareça rapidamente.

Segundo documentos em poder dos tribunais, procuradores italianos afirmam que o Banco do Vaticano “desrespeitou deliberadamente” as leis anti-lavagem de dinheiro “com o objectivo de esconder a propriedade, o destino e a origem do capital”. Estes documentos revelam as suspeitas de que sacerdotes tenham actuado como testas de ferro de barões corruptos da Máfia.

Uma das operações em causa ocorreu em Outubro último, quando o Banco do Vaticano retirou 650 mil euros de um banco italiano mas ignorou os pedidos deste para revelar quem ordenou o levantamento.

Em 21 de Setembro, a polícia apreendeu activos da conta do Banco do Vaticano da agência de Roma do Credito Artigiano. Investigadores informaram que o Banco do Vaticano não cumpriu a lei italiana de informar a origem e destino dos fundos.

A maior parte do dinheiro envolvido nestas operações, cerca de 20 milhões de euros, foi enviado para o JP Morgan, em Frankfurt; o resto seguiu para a Banca del Fucino.

Procuradores alegam que o Banco do Vaticano ignorou os regulamentos que impõem aos bancos estrangeiros informarem as autoridades financeiras italianas sobre as origens do dinheiro. Estas consideram o Banco do Vaticano como uma instituição estrangeira operando em Itália. Ambos os bancos se recusaram a comentar o assunto.

Num outro caso em investigação, a Polícia Financeira da Sicília afirmou que em Outubro último descobriu uma operação de lavagem de dinheiro envolvendo a utilização de uma conta do Banco do Vaticano por um padre de Roma cujo tio foi condenado por associação mafiosa.

As autoridades dizem que uma quantia de 250 mil euros obtida ilegalmente do Governo Regional da Sicília para uma empresa de aquacultura foi mandada ao padre pelo pai como uma “esmola” e retornou à Sicília por uma conta do Banco do Vaticano através de numerosos operações de home banking, mais difíceis de detectar.

O actual director do Banco do Vaticano é Ettore Gotti Tedeschi, também director das operações italianas do Banco de Santander. O seu número dois é Paolo Cipriani. Ambos estão sob investigação por alegadas violações de leis sobre lavagem de dinheiro.

Foram ouvidos pelas autoridades em 30 de Setembro mas não foram formuladas acusações contra eles. De acordo com documentos dos procuradores citados pela agência Associated Press, Tedeschi remeteu a maior parte das respostas para o seu número dois; Paolo Cipriani, por seu turno, informou que quando a Santa Sé faz transferências de dinheiro sem identificar a origem se trata de dinheiro do próprio Vaticano e não de clientes.


Artigo publicado no portal do Bloco de Esquerda no Parlamento Europeu

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