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Península coreana: a guerra que nunca acabou

Um espectáculo de insanidade na península coreana: a um ataque cobarde a uma minúscula e pacífica ilha, respondeu a Coreia do Sul com uma demonstração de força intimidatória. Por Tomi Mori, de Tóquio para o Esquerda.net
O porta-aviões George Washington participa das manobras militares. Foto de SpecMode

Em tese, a península coreana continua em guerra desde a década de cinquenta, já que, mesmo terminados os combates da guerra de 1950-53, nunca foi assinado nenhum acordo de paz entre a Coreia do Norte e a Coreia do Sul. É uma curiosidade jurídica numa trágica realidade.

Nos últimos dias, vimos um espectáculo de insanidade na península coreana e, obviamente, para pessoas comuns, como nós, fica até difícil tomar posição a respeito.

Os dois governos trocam duras acusações depois de a artilharia norte-coreana ter feito um espectacular e covarde ataque à minúscula e pacífica ilha de Yeonpyeong, deixando dois mortos, vários feridos, e a decisão de evacuar completamente a ilha. Não há como defender um tal ataque, desferido por uma das mais sinistras ditaduras da história, dirigida pelo Partido dos Trabalhadores da Coreia e encarnada na figura de King Jong Il, que, provavelmente, ordenou o ataque. Condenar o ataque não pode levar-nos ao lado oposto, que é o de defender o governo da Coreia do Sul, encabeçado pelo reaccionário e direitista Lee Myung Bak, que afirmou ontem: “Nós vamos fazer a Coreia do Norte pagar…”

Quem precisa dos ianques na Ásia?

A península coreana faz parte de um complexo xadrez politico que interessa os principais países imperialistas – EUA e Japão, e também a vizinha China. EUA e Japão, obviamente, defendem o governo sul-coreano incondicionalmente, seja qual for a cor do gato que suba ao governo. A principal questão para as potências imperialistas é: como reunificar a península nos marcos do capitalismo, com o menor trauma politico.

Já a China, que é a principal responsável pela manutenção do encurralado regime de Pyongyang, prefere manter o “cachorro louco” da Coreia do Norte, assim como também apoia a ditadura em Myanmar, utilizando-as para ameaçar os vizinhos. A dependência da Coreia do Norte do regime chinês é tão grande que basta dizer que 90% de energia eléctrica consumida no país vem da China. Ou seja, basta que se desligue a tomada em Pequim para que Pyongyang fique no escuro…

Nos últimos dias, o governo sul-coreano, junto com o governo americano, estão a realizar manobras militares conjuntas no Mar Amarelo, como demonstração de força intimidatória. Para a festividade militar no Mar Amarelo, foi trazido o poderoso porta-aviões George Washington, cuja tripulação é de nada menos de 5.500 e comporta 75 aviões, assim como outras parafernálias militares. É ou não uma provocação? Obviamente, é.

Esse que vos escreve, se pudesse, gostaria de poder atirar algumas pedras no George Washington, pelo simples motivo de que a presença americana na Ásia, por assim dizer, é extremamente indesejável e arrogante.

Um exemplo disso foi a recente eleição governamental na província de Okinawa, Japão, onde foi reeleito o governador que se posiciona contra a presença das bases dos EUA na província. Também o segundo colocado na eleição defendeu a saída das bases americanas de Okinawa. Ou seja, em Okinawa, a maioria é contra a presença ianque…

Ao invés de estar a gastar o dinheiro dos impostos pagos, principalmente pelos trabalhadores, em festas militares e manobras provocatórias, Obama deveria canalizar esses recursos em investimentos públicos que gerem empregos, já que o desemprego atinge cerca de 10% da população no principal pais imperialista.

A reunificação necessária

A península coreana é um dos poucos locais do planeta sem grandes diferenças étnicas.
Mas o regime burocrático da Coreia do Norte, ao invés de trazer o desenvolvimento, criou um imenso fosso económico, com milhões de miseráveis. A reunificação das Coreias corresponde ao necessário desenvolvimento histórico da península. Mas a reunificação da península coreana só pode beneficiar os trabalhadores se for feita nos marcos de um governo democrático dos trabalhadores, das duas Coreias, e não sob as botas de Obama e de Lee Myung Bak.

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