Sofia Roque

Sofia Roque

Investigadora e doutoranda em Filosofia Política (CFUL), ativista, feminista. Escreve com a grafia anterior ao acordo ortográfico de 1990

No deserto da democracia, pudemos surpreender-nos com o imprevisível. À biopolítica brutal deste Governo, as pessoas respondem reclamando as suas vidas, “tudo”, num agir em conjunto exemplar.

Em 2011, o aumento do número de Interrupções Voluntárias da Gravidez foi menor do que nos anos anteriores. Eis um exemplo dos números que contam contra as agendas da discriminação e perseguição das mulheres.

O filme de Nadine Labaki, “E agora, onde vamos?”, conta-nos uma doce comédia dramática e é também um exercício para a desconstrução do Outro e das fronteiras ténues que nos separam.

A proposta de uma Safe House na Mouraria, em Lisboa, veio animar o debate sobre trabalho sexual. Discutamos então tabus e preconceitos e o direito a ter direitos laborais destes/as trabalhadores/as.

O bolor das declarações de um certo Cardeal não chega para inverter a linha do tempo. O presente reclama direitos para além dos que a crise nos tira, como o direito à adoção por casais do mesmo sexo, que em forma de lei será discutido esta semana, no parlamento.

Estado Social, Segurança Social, saúde e escola públicas, protecção social, regulação laboral, cultura, igualdade, liberdade? Coisas do passado que só se manterão no futuro se disputarmos o presente.

A poeira da política da austeridade entranha-se nas vidas difíceis como uma tempestade de areia que vem transformar o território da maioria das pessoas, alisando-o, tornando-o monótono, árido, sem vida.

A agenda feminista renova-se com os problemas que persistem. As questões relacionadas com o assédio sexual, o direito ao espaço público e a latente moral púdica e conservadora são hoje temas de intervenção.

A renovação extra dos contratos a prazo proposta pelo CDS é, na verdade, ilegal. Se a renovação é possível então o posto de trabalho existe, é permanente, e deveria corresponder a um contrato permanente. Adiar por um ano o despedimento só protege os patrões.

A igualdade na lei não chega para transformar a vida real. Hoje, em Portugal, as mulheres ainda despendem mais quatro horas do que os homens em trabalho não pago.