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EUA: Perseguição de activistas anti-guerra

Activistas anti-guerra estão a ser perseguidos. Obama prepara projecto de lei para facilitar a interceptação de comunicações e informações na Internet. Por William Fisher, da IPS

Nova York, Estados Unidos, 29/9/2010 – As últimas rusgas dos agentes federais em residências e escritórios de activistas de movimentos de luta pela Paz são consideradas por defensores das liberdades civis como uma prova de que os Estados Unidos se convertem em um “Estado de vigilância”, onde o direito à privacidade e outras protecções legais desaparecem.

No dia 24, agentes do FBI realizaram na cidade de Minneapolis uma série revistas em casas de activistas contra a guerra e no escritório de um grupo de luta pela paz, bem como na casa, em Chicago, do chefe de uma organização árabe-norte-americana.

O jornal “Minneapolis Star Tribune” informou que as revistas eram parte de uma investigação sobre “actividades relacionadas com apoio material ao terrorismo”. Ninguém foi detido. O porta-voz do FBI, Steve Warfield, disse aos jornalistas que as operações aconteceram por volta das sete horas da manhã. Advogados afirmam que os agentes apreenderam computadores, telemóveis e documentos dos activistas.

“O continuado e escandaloso assédio a pacifistas, ambientalistas e outros activistas e dissidentes no governo de Barack Obama, neste e noutros casos, é indesculpável e deve acabar”, disse à IPS o presidente do independente Comité de Defesa da Carta dos Direitos, Chip Pitts. “Isto confirma a urgência de simpatizantes de todos os partidos, de todas as idades e de todos os sectores de opinião se unirem à comunidade pelas liberdades civis em esforços para resistir ao emergente Estado de vigilância e para restaurar as protecções constitucionais”, acrescentou.

Segundo Chip, as garantias individuais “diluíram-se com a Lei Patriota e outras similares aprovadas no medo politicamente manipulado depois dos atentados terroristas de 11 de Setembro de 2001” em Nova York e Washington. Activistas disseram ao jornal de Minneapolis que as invasões “os surpreenderam”. Um deles, Mick Kelly, teve papel central nas manifestações diante da Convenção Nacional Republicana de 2008, na cidade de Saint Paul.

Consultado pelo jornal sobre se estava envolvido em alguma actividade ilegal, respondeu: “absolutamente não”. Ted Dooley, seu advogado, disse que as apreensões foram, na realidade, “uma investigação sobre as opiniões políticas de cidadãos norte-americanos e de qualquer organização contrária ao desígnio imperialista” de Washington.

Além disso, explicou que as ordens de invasão se basearam numa lei federal que considera crime promover ou conspirar para fornecer apoio material a organizações terroristas estrangeiras. Supostamente eram investigadas ligações com grupos terroristas nos territórios palestinianos e na Colômbia. Os activistas foram intimados a comparecerem perante um júri federal no próximo mês, em Chicago. Também foram emitidas intimações em Michigan e Carolina do Norte.

Após as rusgas, organizações de luta pela paz e similares começaram a preparar a resposta. No dia 27, cerca de 150 pessoas reuniram-se diante do escritório do FBI em Minneapolis, algumas com cartazes onde se lia “Opor-se à guerra não é um crime”. Para ontem eram previstas outras manifestações em diferentes partes do país. Os activistas investigados pelo FBI asseguram não ter cometido crime algum e anunciaram que continuariam a opor-se à política norte-americana no Médio Oriente e na América do Sul.

Por sua vez, o jornal “The New York Times” informou, no dia 27, que o governo Obama preparava um projecto de lei para facilitar aos serviços de segurança e espionagem a interceptação de comunicações e informações na Internet, incluindo e-mails e conteúdo privado em redes sociais. A Casa Branca prevê apresentar o texto ao Congresso no próximo ano.

A nova lei, se aprovada, exigirá que todos os serviços via Internet sejam tecnicamente capazes de permitir a intercepção das comunicações pelas autoridades federais em caso de uma ordem, informou o jornal. Os serviços de correio electrónico através de telemóvel como BlackBerry, as redes sociais como Facebook e programas de telefone na Internet, como Skype, poderiam ser submetidos à vigilância.

Envolverde/IPS

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