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Escolas sem meios para atingir metas

O Ministério da Educação apresentou as metas para o sucesso escolar até 2015, mas já fez saber que não haverá mais investimento. Pais e professores contrapõem que faltam recursos às escolas para melhorar as aprendizagens.
Aula de apresentação do ano lectivo na escola primária de Santa Bárbara. Foto da Lusa

Reduzir os chumbos no Secundário de 20,1 para 12% e diminuir a taxa de abandono, de alunos com 16 anos, de 13 para menos de 4%, são algumas das metas nacionais que as escolas devem atingir até 2015. Estes dados constam do Programa Educação 2015, no quadro de compromissos assumidos com a União Europeia (UE) e a Organização de Estados Ibero-Americanos (OEIA).

No entanto, são muitas as vozes que criticam a desresponsabilização do governo na concretização destes objectivos. Sindicatos, Associações de Pais, de Professores e de Directores, sustentam que será praticamente impossível cumprir estas metas com os recursos actualmente disponíveis.

Pedro Araújo, da Associação Nacional de Dirigentes Escolares, esclarece que as metas não são propriamente uma novidade. "As escolas já analisam resultados, já estabelecem metas e definem estratégias para as atingir". E acrescenta, em declarações ao Público: “as escolas farão melhor, com certeza, se as turmas tiverem menos alunos, se houver mais professores para acompanharem de forma individual os alunos com dificuldades e equipas multidisciplinares que acompanhem as crianças e as famílias que precisam de ajuda".

Ao Diário de Notícias, Mário Nogueira critica: "Li o documento e deve haver algum erro, porque falta a parte em que o Ministério da Educação explica o que vai fazer ". Para o líder da Fenprof, melhorar resultados implica medidas como "reformular currículos" e reforçar "a formação contínua dos professores", sublinhando que as metas são inatingíveis em escolas onde graça a precariedade e sem técnicos especializados para alunos com Necessidade Educativas Especiais. "Não chega dizer-se que se tem fé, isto não é uma questão religiosa", conclui Nogueira.

Também os Pais olham com cepticismo para esta medida. Albino Almeida, Presidente da Confap, avisa: "Quando há famílias que vão perder ou ver reduzidos os apoios sociais e por isso não sabem como irão manter os filhos nas escolas, não faz sentido falar em metas".

Opiniões parecidas têm João Grancho presidente da Associação Nacional de Professores  e Adalmiro Botelho da Fonseca, presidente da Associação Nacional de Directores de Agrupamentos e Escolas Públicas . O primeiro disse ao Público que “a parte mais fácil, a definição de metas, já está feita” e que agora “só falta um investimento efectivo na Educação”, enquanto o segundo, em declarações ao Diário de Notícias, concretizou ser necessário apoiar as escolas com outros técnicos, como psicólogos e assistentes sociais, sublinhando que “sem dinheiro, não se faz nada”.

Entretanto, a Ministra da Educação já veio afirmar que para o trabalho que é proposto não haverá mais financiamento.

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