Ricardo Moreira

Ricardo Moreira

Engenheiro e mestre em Políticas Públicas, doutorando em Alterações Climáticas, autor da série documental Cidades Impossíveis e deputado municipal pelo Bloco de Esquerda em Lisboa. Dirigente do Bloco.

Estamos habituadas a pensar as ruas como infraestrutura de deslocação, mas as ruas são muito mais do que isso. Com menos carros, as ruas passam a ser para nos deslocarmos, para passearmos, para nos encontrarmos, para comermos, para as crianças brincarem, para namorar, para nos manifestarmos.

A história parece impossível de explicar, ao invés de pôr a funcionar a APP das bicicletas partilhadas de Lisboa, a EMEL fez um ajuste direto para bloquear as aplicações feitas por jovens que de facto estavam a funcionar.

O PS liderado em Lisboa por Fernando Medina perdeu a câmara depois de 14 anos de governação, não por ter perdido votos para a esquerda, mas porque perdeu para a direita. Com a direita na presidência da câmara, o Bloco afirma-se como oposição.

A subida das rendas não é uma fatalidade, é o resultado de políticas e escolhas e tem consequências para os jovens e para as famílias com rendimentos mais baixos e médios. E, não sendo uma fatalidade, existem soluções.

O Ministério dos Negócios Estrangeiros português lançou uma mensagem nas redes sociais que nos deve envergonhar a todos, condenando apenas “o lançamento indiscriminado de mísseis a partir da Faixa de Gaza contra civis israelitas”.

A crise habitacional é agora e não faz sentido ter uma política que quer travar a especulação e que depois entrega casas para rendas especulativas. É o que acontece com o Programa de Renda Acessível versão PPP, em Lisboa.

São precisas mais respostas sociais para as pessoas em situação de sem-abrigo. Ora, uma petição que aumenta o estigma contra os mais vulneráveis da sociedade é uma petição que mobiliza o ódio e, como tal, é algo que nos deve envergonhar.

A tarifa social da água automática, tal como a tarifa social da luz, abrem caminho a uma lógica nova: a de que há bens e serviços públicos essenciais de que ninguém pode ser privado. É uma questão de Direitos Humanos.

A resolução do caso Bragaparques é uma boa notícia para Lisboa. Agora é necessário que este dinheiro seja investido imediatamente nos apoios sociais à pandemia e no pilar público do Programa de Renda Acessível.

Moedas não conhece Lisboa, muito menos a autarquia. E as pessoas sabem que, em tempos de crise, é um perigo ter a direita no poder.