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Classificação da linha do Tua deveria parar obras da barragem

O IGESPAR aceitou a petição assinada por cerca de cinco mil pessoas para a classificação da Linha do Tua como Património de Interesse Nacional, mas a Ministra da Cultura já disse que tal "não vai interferir" com a construção da barragem na Foz do Tua.
Para os subscritores do requerimento em defesa da Linha do Tua, Gabriela Canavilhas, enquanto ministra da Cultura, “devia estar preocupada com a defesa e a conservação do património” do país. Foto www.linhadotua.net

A petição foi entregue a 26 de Março e mereceu agora parecer favorável do Gestão do Património Arquitectónico e Arqueológico (IGESPAR), que abriu um processo de classificação, o que implica a suspensão de obras na linha. A abertura do processo de classificação deverá ser publicada em Diário da República nos próximos dias. O processo será depois apreciado por um conselho consultivo do IGESPAR.

Para já, ainda não decorrem trabalhos, mas a EDP – a empresa pública que regista desde o início do ano uma média de lucro na ordem dos 531,3 milhões de euros – não perde tempo e abriu na semana passada um concurso para a construção da barragem da Foz do Tua, cujos trabalhos prevê começar até Dezembro. Quando concluída, a barragem irá inundar parte da linha do Tua.

Em comunicado, os subscritores da petição consideram que "a Linha do Tua merece a classificação como Património de Interesse Nacional, não só pelo papel histórico que desempenhou e pela obra-prima de engenharia portuguesa que constitui, mas também, e ainda, como exemplar único do património ferroviário e industrial do nosso país". Os requerentes consideram ainda "que este património tem elevado potencial para o desenvolvimento turístico para a região e que tem que ser preservado e valorizado".

José Silvano, presidente da Câmara de Mirandela, considera que a suspensão das obras é uma "boa notícia" e mostra-se incrédulo com o concurso de construção da barragem, "quando ainda decorre um processo de consulta pública, até 9 de Setembro, do Relatório de Conformidade Ambiental do Projecto de Execução".

Gabriela Canavilhas: “É uma garantia que podemos dar, nada interferirá com a barragem”

No entanto, na passada quinta-feira, a ministra da Cultura afirmou em declarações à imprensa, à margem da inauguração do Museu do Côa, que o processo de classificação da linha ferroviária do Tua como monumento nacional "não vai interferir" com a construção da barragem de Foz Tua.

Ora, a primeira subscritora do requerimento em defesa da Linha do Tua “estranha” esta posição da ministra, pois os defensores da Linha do Tua consideram que a abertura da classificação da ferrovia transmontana deve travar a construção da barragem.

Para Manuela Cunha, Gabriela Canavilhas, enquanto ministra da Cultura, “devia estar preocupada com a defesa e a conservação do património” do país.
Além disto, esta sexta-feira, a Lusa deu conta de um parecer da Direcção Regional de Cultura que defenderá que o processo de classificação não impede a barragem, dizendo que já existem antecedentes, como o Castelo do Lousa, no Alqueva.

Manuela Cunha leu este parecer e considera que a interpretação feita é “abusiva”, porque este “é um relatório muito bem feito e não foge à problemática da barragem”, disse à TSF.

“O que o técnico faz é relembrar que houve já casos em Portugal onde património classificado foi ameaçado, não dizendo nunca que uma coisa não impede a outra”, concluiu a primeira subscritora do requerimento em defesa da Linha do Tua.
 

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