Reconstrução do Iraque revela-se falhanço total

25 de December 2008 - 0:00
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O jornalista iraquiano Muntader al-Zaidi transformou-se num herói nacional ao atirar os seus sapatos a Bush durante uma conferência de imprensa em Bagdade. No bairro xiita de Sadr City, em Bagdad, foram afixados sapatos e sandálias no topo de postes, junto com cartazes a pedir a imediata retirada das tropas americanas do país. Em Najaf, no sul do país, a população atirou sapatos sobre um comboio de carros de tropas dos EUA. E em vários pontos do planeta, incluindo Lisboa, desenvolveram-se acções pela libertação de al-Zaidi, com os manifestantes a levarem sapatos às embaixadas norte-americanas.



A humilhação sofrida por Bush sucede-se à divulgação parcial do relatório "Duras Lições", que se baseou em mais de 1000 entrevistas e auditorias no terreno e é da responsabilidade do Inspector Geral para a Reconstrução do Iraque. Entre as conclusões do relatório, destaca-se que cinco anos depois do maior projecto de reconstrução desde o Plano Marshall - que se seguiu à segunda guerra mundial - o Governo dos EUA ainda não tem nem as políticas, nem a capacidade técnica, nem a estrutura organizativa necessárias para levar a cabo um processo como este.



Os dados mostram ainda que nas semanas que se seguiram à invasão, sectores estratégicos como a produção de electricidade e petróleo, o acesso público a água potável, as telecomunicações e a presença de forças de segurança iraquianas cairam pelo menos 70%, e em alguns casos simplesmente desapareceram.



Cinco anos passados, à excepção da rede de telemóveis, nenhum dos outros aspectos essenciais voltou aos níveis anteriores à invasão de 2003. De acordo com o relatório, a rede de electricidade é 10% do que era na época de Saddam, a produção de petróleo é inferior, e o acesso a água potável aumentou 30%, embora a ruína em que se encontram os sistemas de canalização impossibilite saber quanto desta água chega efectivamente descontaminada a casa das pessoas.

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