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Estádios de futebol: Portugal, 10 – Suíça ou Áustria, 4

Quem não conhecesse a Europa e olhasse para a história dos europeus de futebol, pensaria que, em 2008, a competição está a ser organizada por dois países pobres que só podem dispor de 4 estádios cada, na sua maioria já usados. Em 2004, tinha sido diferente, um país rico tinha disponibilizado 10 estádios, 9 deles completamente novos e com bancadas de maior dimensão.

A realidade é bem diferente. A Suíça e a Áustria, países onde os cidadãos gozam de um elevado nível de vida, organizaram o europeu de 2008 com a necessária contenção de gastos. Parece que nesses países as verbas para a saúde, a educação e as outras tarefas fundamentais do Estado, são mais importantes que a construção de estádios.

Em Portugal a opção foi bem diferente. Num país sempre com problemas orçamentais, milhões de euros do erário público foram mobilizados para a construção de uma dezena de grandes estádios. Muitos destes estão hoje abandonados (como no Algarve) ou subaproveitados (com as bancadas quase vazias nos jogos que ali se realizam).

O triângulo construção civil - política - futebol funcionou na perfeição. Pôr as verbas do Estado a servir os interesses das grandes empresas da construção civil ou dos caprichos dos dirigentes do futebol, foi o papel dos políticos dos governos do rotativismo PS-PSD.

Construir os maiores estádios, as maiores auto-estradas, os maiores aeroportos, as maiores pontes... sem ter em atenção a realidade do país, garantindo chorudos lucros a empresas privadas, sempre à custa dos dinheiros públicos... eis o melhor caminho para um governante assegurar o seu lugar futuro num Conselho de Administração...

Depois como é óbvio, os portugueses têm de ouvir pela milésima vez o discurso da contenção do défice. Mais uma vez o Estado terá de cortar nas verbas para coisas de menor importância... como a saúde ou a educação...

Sobre o/a autor(a)

Professor e historiador.
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