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Berlusconi diz que liberdade de imprensa não é "direito absoluto"

O primeiro-ministro italiano não vê a liberdade de imprensa como um "direito absoluto", e diz que tais direitos "não existem" na democracia. Isto depois de uma greve dos jornalistas contra a chamada "lei mordaça", que afectou mais de 90% dos meios de comunicação social.
Berlusconi quer pôr fim a “uma imprensa alinhada com a esquerda e hostil ao Governo”. Foto Sebstião Moreira/EPA/LUSA.

A Itália esteve na sexta-feira quase sem notícias, devido ao protesto feito contra a chamada "lei mordaça". Franco Siddi, da Federação Nacional da Imprensa Italiana (FNSI), que promoveu o "dia do silêncio", assegurou que esta foi "a greve com maior participação dos últimos 15 anos", com "mais de 90 por cento das televisões, jornais, rádios e agências de notícias parados", em declarações divulgadas pelo diário La Repubblica.

"A adesão foi muito alta", disse Siddi, adiantando que mesmo os media que decidiram não suspender a actividade expressaram a sua oposição à lei, que considerou "errada".

Com excepção de alguns jornais diários simpatizantes do primeiro-ministro Silvio Berlusconi, como “Il Giornale”, “Libero” e “Il Foglio”, a greve convocada pelo sindicato do sector fez com que jornais, agências, rádios, televisões (neste sector, a ausência de notícias foi total) e portais da Internet não dessem informações durante todo o dia. O próprio Canale 5, do grupo Mediaset, de Berlusconi, não emitiu o habitual jornal das 8h. O jornais “Corriere della Sera, “La Reppublica”, “La Stampa”, “L’Unitá” e o diário católico “Avvenire”, entre outros, colocaram nas suas páginas online comunicados a explicar a razão da greve.

Tratou-se de sensibilizar o país para as consequências de uma lei que restringe as escutas judiciais e que castiga a sua difusão na imprensa.

Segundo a FNSI, a nova norma legal, que Berlusconi pretende fazer aprovar antes das férias parlamentares de Verão, limitará a liberdade de informação e atingirá a defesa da legalidade e a luta contra o crime.

O comunicado sindical afirma que “o projecto de lei Alfano limita gravemente a liberdade de imprensa e prevê duras sanções contra os editores e jornalistas que divulgarem os factos da crónica judicial e as investigações”.


Berlusconi quer pôr fim a “uma imprensa alinhada com a esquerda e hostil ao Governo”

Contudo, este sábado, em mensagem à associação Promotores da Liberdade, pertencente ao seu partido, o Povo da Liberdade (PDL), Berlusconi pediu aos seus simpatizantes para que o ajudem a pôr fim à "mordaça imposta à verdade" por uma imprensa alinhada com a esquerda e hostil ao Governo.

"Uma imprensa que desinforma, que não só distorce a realidade, mas também insiste sistematicamente no sagrado direito à privacidade dos cidadãos invocando a liberdade de imprensa como se fosse um direito absoluto. Mas na democracia não existem direitos absolutos, já que todos os direitos encontram um limite em outros direitos igualmente válidos", disse Berlusconi.

A lei, que está em trâmite no Parlamento italiano, estabelece, entre outras medidas, penas de até 30 dias de prisão ou multas de até dez mil euros para os jornalistas que publicarem escutas durante as investigações.
 

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