Vítor Constâncio insiste na Greve Geral

porFrancisco Louçã

18 de April 2007 - 0:00
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A decisão do Conselho Nacional da CGTP, que convocou a greve geral para 30 de Maio, apanhou muitos sindicalistas de surpresa. Sabia-se que essa discussão tinha sido iniciada na central, mas tinha sido adiada na última reunião, porque muitos dos dirigentes sindicais então achavam que não havia condições para uma confrontação com a dimensão de uma greve geral. Percebeu-se entretanto que havia uma dimensão de debate de estratégia sindical muito influenciada por outras escolhas políticas.

A última greve geral mobilizou mais de um milhão de trabalhadoras e trabalhadores contra o Código Bagão Félix, e teve um grande impacto no sector público, nas grandes empresas e nos transportes. Uma nova greve geral exige agora um esforço ainda maior. É preciso mobilizar muitos sindicatos, muitos trabalhadores que não estão sindicalizados, muitos jovens precários e muitas e muitos que têm dúvidas sobre a eficácia deste enfrentamento. É preciso muito mais força do que a que está reunida agora, em meados de Abril. É esse trabalho que os sindicalistas do Bloco se dispõem a fazer.

Decidida a greve para 30 de Maio, é indispensável contribuir para o seu sucesso.

E há boas razões para atacar frontalmente a política deste governo. Vítor Constâncio, governador do Banco de Portugal e ex-secretário geral do PS, veio acrescentar algumas dessas boas razões. No relatório do Banco de Portugal, apresentado ontem, o governador faz sugestões sobre a política económica futura. A mesma de Bagão Félix - ou pior. Pretende Constâncio que se substitua o princípio do despedimento somente com justa causa pela "liberdade" de despedir. E critica o facto de os salários não terem descido mais, porque acha que assim, com despedimentos livres e salários mais baixos, haveria mais criação de emprego. Constâncio pensa, como o grupo de patrões e gestores reunidos no Compromisso Portugal, que a economia sem regras nem direitos deve ser a resposta para a crise social.

Estas são aliás as propostas europeias. Chamam-lhe "flexigurança". Significa mais desemprego e mais exploração. No Outono, na presidência portuguesa, vão ser discutidas numa Cimeira Social em Lisboa.

São boas razões para uma greve que mostre a contestação e as propostas dos trabalhadores.

Francisco Louçã
Sobre o/a autor(a)

Francisco Louçã

Professor universitário. Ativista do Bloco de Esquerda.
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