A última greve geral mobilizou mais de um milhão de trabalhadoras e trabalhadores contra o Código Bagão Félix, e teve um grande impacto no sector público, nas grandes empresas e nos transportes. Uma nova greve geral exige agora um esforço ainda maior. É preciso mobilizar muitos sindicatos, muitos trabalhadores que não estão sindicalizados, muitos jovens precários e muitas e muitos que têm dúvidas sobre a eficácia deste enfrentamento. É preciso muito mais força do que a que está reunida agora, em meados de Abril. É esse trabalho que os sindicalistas do Bloco se dispõem a fazer.
Decidida a greve para 30 de Maio, é indispensável contribuir para o seu sucesso.
E há boas razões para atacar frontalmente a política deste governo. Vítor Constâncio, governador do Banco de Portugal e ex-secretário geral do PS, veio acrescentar algumas dessas boas razões. No relatório do Banco de Portugal, apresentado ontem, o governador faz sugestões sobre a política económica futura. A mesma de Bagão Félix - ou pior. Pretende Constâncio que se substitua o princípio do despedimento somente com justa causa pela "liberdade" de despedir. E critica o facto de os salários não terem descido mais, porque acha que assim, com despedimentos livres e salários mais baixos, haveria mais criação de emprego. Constâncio pensa, como o grupo de patrões e gestores reunidos no Compromisso Portugal, que a economia sem regras nem direitos deve ser a resposta para a crise social.
Estas são aliás as propostas europeias. Chamam-lhe "flexigurança". Significa mais desemprego e mais exploração. No Outono, na presidência portuguesa, vão ser discutidas numa Cimeira Social em Lisboa.
São boas razões para uma greve que mostre a contestação e as propostas dos trabalhadores.