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Populistas à procura de parceiros

O antissemitismo e a homofobia dividem a direita europeia. Os alemães do AfD e os britânicos do UKIP não querem fazer parte da coligação.
Na nova aliança, liderada por Wilders e Le Pen, poderá também não haver espaço para a Aurora Dourada grega ou para o seu homónimo húngaro.

Nem todos os partidos populistas de direita, que irão entrar no Parlamento Europeu em maio de 2014, vão-se juntar no mesmo grupo parlamentar. Pequenas hostilidades e diferenças profundas fazem parte do conflito.

Ainda há pouco tempo, a Frente Nacional francesa retirou-se da já duradoura aliança europeia de movimentos nacionalistas, pela impossibilidade de seguir um rumo comum com partidos como o Jobbik húngaro ou o britânico BNP. Na nova aliança, liderada por Wilders e Le Pen, poderá também não haver espaço para o Aurora Dourada grego ou para o seu homónimo húngaro. A razão é o firme antissemitismo destes partidos.

Os debates em torno do antissemitismo são um fator de conflito entre a Frente Nacional e o partido de Wilders. Enquanto Wilders conta como grande amigo de Israel, os incidentes antissemitas da Frente Nacional, apesar de terem reduzido, não desapareceram de modo algum. A decidida postura homofóbica da Frente Nacional contrasta com o partido holandês PVV. Porém, em relação à Europa e ao Islão existe claramente um consenso entre os dois partidos.

O PVV está de momento representado por quatro deputados no Parlamento Europeu. Estes agregam-se como os três deputados da Frente Nacional de forma independente. Para se criar um grupo parlamentar, a fim de ganhar mais influência, dinheiro e lugares, têm que juntar 25 deputados de sete países diferentes.

AfD mostra-se cética

O grupo da direita populista dispõe neste momento de um grupo parlamentar no Parlamento Europeu, “Europa da Liberdade e Democracia”, com 32 deputados de 12 países. Mas, este trata-se mais de uma reunião de vários partidos como o UKIP britânico, a Liga do Norte italiana, os Verdadeiros Finlandeses, o Partido Popular dinamarquês e a Attack da Bulgária.

Em relação à nova coligação, o Partido Popular dinamarquês optou por manter a sua distância. O UKIP, bem-sucedido na Grã-Bretanha, também não pretende juntar-se à nova coligação para já. Os alemães da Alternativa para a Alemanha (AfD) rejeitam trabalhar em conjunto com Le Pen e Wilders.

“Ambos os partidos estão fora de questão, agora e no futuro”, disse o porta-voz Bernd Lucke. ''Não temos nada a ver com extremistas de direita”.

Artigo publicado em Taz.

Tradução de esquerda.net

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Neste dossier:

A nova direita populista europeia

A crise europeia serviu de oportunidade para a extrema-direita romper com o seu tradicional acantonamento político. Refinou o discurso e ganhou popularidade. Para além do perigo da sua chegada ao poder, esta nova direita populista manipula, cada vez mais, as agendas nacionais. Dossier coordenado por Fabian Figueiredo.

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O antissemitismo e a homofobia dividem a direita europeia. Os alemães do AfD e os britânicos do UKIP não querem fazer parte da coligação. Por Georg Baltissen.

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