You are here

Zelaya entrou nas Honduras por breves momentos

Entrada de Manuel Zelaya nas Honduras. Foto EPA/LUSAO presidente legítimo das Honduras, Manuel Zelaya, conseguiu entrar no seu país a partir da fronteira com a Nicarágua. Ainda dialogou com alguns militares mas, perante a ameaça de detenção, recuou, regressando à Nicarágua. Milhares de pessoas acorreram à zona da fronteira para receber Zelaya, tendo sido reprimidas com gás lacrimogénio pelos militares e polícia hondurenha. Veja aqui o vídeo.  

A entrada de Zelaya nas Honduras foi filmada pela Telesur, e também pode ser vista aqui.

Foi através da localidade de Las Manos que Zelaya tentou entrar no seu país. O governo golpista, liderado por Roberto Micheletti, reforçou militarmente a fronteira e cortou o trânsito para evitar que a caravana de Zelaya entrasse nas Honduras. Além disso, alargou o período de recolher obrigatório e impediu a passagem dos apoiantes de presidente deposto, chegando a usar gás lacrimogéneo. Mesmo assim Zelaya, conseguiu entrar na zona neutra da fronteira e pisar por breves momentos solo hondurenho, apoiando-se numa placa que dizia "Bem-vindo às Honduras".

Nesse momento um militar hondurenho aproximou-se de Zelaya, enquanto pedia aos seus soldados para retroceder cerca de 25 metros para evitar confrontos. Zelaya estendeu a mão ao militar e disse-lhe: "Sou o presidente constitucional das Honduras e portanto sou seu comandante. Ponha-me me contacto com os seus superiores, quero dizer-lhes que têm que devolver a paz à família Hondurenha". Ao que o militar retorquiu: "Enquanto tivermos ordens para detê-lo fá-lo-emos" pressionando Zelaya para que não avançasse mais. Zelaya acabou por recuar e regressar à Nicarágua, perante a excitação de dezenas de apoiantes que entraram e saíram com ele.

Milhares de hondurenhos desafiaram o recolher obrigatório decretado especialmente para a zona da fronteira e estiveram a poucas centenas de metros de Zelaya. Foram imediatamente reprimidos, com gás lacrimogéneo, tendo alguns ficado feridos e tendo outros sido detidos.

As reacções à breve entrada de Zelaya nas Honduras foram díspares. Hillary Clinton considerou a acção "imprudente" e que não contribuiu para "restabelecer a democracia e a ordem constitucional nas Honduras". Também Óscar Árias, presidente da Costa Rica que tem mediado as negociações, considerou que "este não é o caminho". Mas o Presidente da Assembleia Geral da ONU, Miguel D'Escoto, comentando as declarações de Clinton, foi peremptório: A mim parece-me uma acção correcta e heróica".

Entretanto, um relatório de várias organizações de direitos humanos denunciou a morte de pelo menos cinco pessoas por motivos políticos desde o golpe militar, desaparecimentos forçados, e "controlo de informação e práticas discriminatórias para com os media que se opõem ao golpe de Estado".

Termos relacionados Internacional