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Voos da CIA

GUERRA ENTRE PSD E PS EM ENCONTRO COM DELEGAÇÃO EUROPEIA
parlamentoA delegação do Parlamento Europeu que está a investigar os voos da CIA foi recebida na Assembleia da República sem sala onde se reunir com os grupos parlamentares. Às 15 horas, os deputados dirigiram-se à Sala do Senado e esta estava encerrada (o Parlamento não estava em funcionamento por causa das jornadas parlamentares do PCP). O encontro realizou-se no espaço de apoio aos deputados social-democratas. O PS recusou-se a participar no encontro, recebendo sozinho a delegação, por breves minutos. Depois de os eurodeputados terem andado pelos corredores do Parlamento, PS e PSD trocaram acusações.

A delegação europeia era composta pela britânica Sarah Ludford, a belga Frieda Brepoels, o alemão Kreissl-Dörfler, o espanhol Romeva i Rueda, e os portugueses Carlos Coelho e Ana Gomes.
Osvaldo de Castro, o deputado socialista que preside à Comissão de Assuntos Constitucionais, garantiu que «a organização da reunião foi entregue ao líder parlamentar do PSD», Luís Marques Guedes, e que qualquer reunião tinha de ser «tratada e autorizada pelos serviços do Parlamento». Marques Guedes, pelo contrário, garantiu que as regras de utilização do Parlamento permitem a utilização das salas da Assembleia pelos deputados e estranhou os entraves administrativos ao encontro.
O presidente da Assembleia da República, Jaime Gama, terá sabido apenas ontem desta reunião e ficado desagradado por não ter sido consultado.
O deputado do Bloco de Esquerda, Fernando Rosas, lamentou «as condições vergonhosas em que a Assembleia da República não recebeu ou tentou não receber a comissão do Parlamento Europeu», acrescentando que «há interesse da parte de alguém em que a comissão não faça o seu trabalho».
Jorge Machado, do PCP, lamentou que a reunião não tenha decorrido «em condições condignas».
Depois de vários encontros com as autoridades aeroportuáris, com o Serviço de Fronteiras (o SIS não foi autorizado pelo governo a reunir com os eurodeputados) e com o ministro dos Negócios Estrangeiros, Carlos Coelho, que preside à Comissão Evental do Parlamento Europeu, disse que, apesar de não ter novidades objectivas, «o facto de o ministro se ter encontrado com a delegação marca uma alteração na relação do Governo português com esta comissão».
Luís Amado não deu garantias de que o resultado das investigações do governo seja apurado «em tempo útil para a comissão». No entanto, o ministro criticou recentemente a comissão por ter tornado público, antes do encontro com o governo, um primeiro esboço de relatório final.
Durante a reunião, «o ministro tornou claro que o ónus da prova é nosso», disse Carlos Coelho. «A nossa preocupação tem a ver com fortes indícios de que esses voos podem ter sido utilizados para transportes ilegais mas, como eu disse desde a primeira hora, a nossa comissão não tem provas evidentes de que tenha havido quaisquer actos criminosos», esclareceu.

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