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Universidade de Verão

CONSTRUIR UMA NOVA ESQUERDA
raul01O Segundo dia da universidade de verão do Partido da Esquerda Europeia discutiu as questões da globalização e o papel da Organização Mundial do Comércio (OMC) na perda de direitos democráticos e sociais no planeta. Cerca de 180 militantes de mais de 22 partidos da Europa participaram hoje, em Tavira, na universidade. Raoul Marc Jennar, cientista politico, e autor do livros sobre o processo europeu "A Traição das Elites", fez uma aprofundada intervenção sobre o processo de globalização capitalista e as suas consequências do ponto de vista da degradação dos direitos das populações.

A intervenção de Raoul Jennar centrou-se no papel da Organização Mundial do Comércio, que considerou ser "a mais poderosa organização internacional", visto concentrar, em si, vastos poderes que ultrapassam fronteiras e não são fiscalizados democraticamente. "As regras da OMC não são como as regras das outras organizações internacionais. A OMC faz as regras: actua como o poder legislativo; a OMC implementa as suas próprias regras: actua como poder judicial; a OMC pune os Estados que não cumprem as suas regras: actua como poder judicial. Toda a gente sabe que a ausência de divisão de poderes, gera um poder sem controlo", alertou Jennar. Para o investigador, a politica da OMC segue a cartilha ideológica do neoliberalismo, pretende colocar nas mãos do mercado todas as esferas da vida humana. A OMC não se preocupa com "a liberdade do comércio", quando ela é ameaçada pelas corporações e monopólios, o conferencista relembrou as palavras do antigo presidente desta organização Supachai Panitchpakdi: "nós não nos preocupamos com o sector privado". Para Jennar, "A OMC é o instrumento que serve os monopólios internacionais para desmantelar os direitos fundamentais e a soberania dos povos". Seguidamente, o interveniente abordou algumas áreas que são duramente afectadas com as politicas neoliberais dessa organização: direitos humanos, o conhecimento e o progresso, a questão da água e o emprego.

Finalmente, o cientista politico abordou os desafios que se colocam à esquerda europeia no quadro do processo de globalização capitalista. Para Jennar, é cada vez mais verdadeira a frase de Pierre Bourdieu que exigia, nos tempos de hoje, que "os investigadores sociais devem tornar-se militantes e os militantes tornar-se investigadores". Concluiu Raoul Jennar, "é preciso sermos capazes de construir uma esquerda genuína e popular que consiga criar uma caminho que se oponha a este processo de globalização capitalista e esta universidade da Esquerda Europeia é um bom começo".

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