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Turquia: partido do governo ganha, curdos elegem deputados

Apoaintes do AKP festejam, vendo-se Erdogan na Televisão - Foto da LusaO AKP, Partido da Justiça e Desenvolvimento, o partido islamista moderado, liberal na economia e europeísta do primeiro-ministro Recep Tayyip Erdogan obteve uma vitória esmagadora, alcançando 46,7% da votação e elegendo 340 dos 550 deputados que compõem o parlamento turco, eleito neste Domingo.
No discurso da vitória, Erdogan dirigindo-se "aos que não votaram AKP" afirmou: "Estejam seguros que serão respeitados, independentemente de em quem votaram. Ter diferentes pontos de vista é a riqueza da democracia".
Para além da vitória do AKP, outro facto marca estas eleições na Turquia: os curdos estarão representados no parlamento com cerca de 25 deputados, eleitos como independentes, mas de facto ligados ao DTP, Partido para uma Sociedade Democrática.

O AKP obteve nestas eleições 46,7% da votação, mais cerca de 13% do que nas eleições de 2002. Apesar desta subida, perde 16 deputados, devido à entrada de mais um partido no parlamento, o MHP, Partido de Acção Nacionalista de extrema-direita, que duplicou a votação.

O AKP vai assim constituir governo e continuar a governar sozinho, sem precisar de alianças, já que tem uma larga maioria absoluta, com mais de 60% dos deputados

Erdogan, no discurso da noite eleitoral, reafirmou o seu empenhamento na luta pela entrada da Turquia na União Europeia e num recado ao eleitorado secular e ao exército afirmou: "Levaremos o nosso estado democrático, secular e social ao nível da civilização contemporânea, para onde apontou como objectivo Mustafá Kemal Atataurk".

A vitória do AKP significa, em grande parte, uma derrota do exército, que ameaçou intervir directamente, perante a possibilidade do candidato do AKP Abdullah Gül ser eleito Presidente da República. A Turquia tem uma história marcada pela influência do exército e pelos seus golpes de estado.

O segundo maior partido, o CHP, subiu um por cento e elegeu 111 deputados, não capitalizando o medo ao risco de islamização do país, que parece ter beneficiado o MHP.

Num país que tem uma cláusula que impede a eleição de deputados de partidos que tenham menos de 10% dos votos, só mais um partido conseguiu eleger deputados: o partido de extrema-direita MHP que subiu de 8.3% para 14,3 e elegeu 71 deputados.

Uma grande mudança destas eleições é os curdos estarem representados no parlamento turco. Em vez de concorrerem como partido, apresentaram candidatos independentes que foram eleitos e como elegeram mais de vinte deputados, número mínimo para um grupo parlamentar, preparam-se para constituírem um grupo parlamentar chamado DTP, Partido da Sociedade Democrática. Ahmed Turk, líder do DTP, antigo deputado afastado do parlamento e preso pela polícia em 1994, afirmou que usarão o grupo parlamentar para lançar um processo por uma "Turquia democrática na qual os curdos se possam expressar em liberdade". Ahmed Turk acrescentou que tentarão levar avante esses objectivos por meio de "reconciliação e diálogo".

Desde que o PKK, Partido dos Trabalhadores do Curdistão, começou a luta armada em 1984 já morreram mais de 35000 pessoas, sobretudo população curda e membros da guerrilha, mas também soldados turcos.

 

Resultados, segundo O "Turkish Daily News":

- AKP, Partido da Justiça e do Desenvolvimento, pro-islamista 46,7% - 340 deputados
- CHP, Partido Republicano do Povo, nacionalista 20,9% - 111 deputados
- MHP, Partido da Acção Nacionalista, ultra-nacionalista,extrema-direita 14,3% - 71 deputados
- Independentes vários (em grande parte curdos) 5,6% 28 deputados
- DP, Partido Democrático, centro-direita 5,4%
- GP, Partido da Juventude, direita populista 3,04%
- SP, Partido da Felicidade, pro-islamista 2,33%
- BTP, Partido da Turquia Independente, nacionalista, pro-islamista 0,51%
- HYP, Partido da Elevação do povo, centro-direita 0,5%
- IP, Partido dos Operários, nacionalista 0,36%
- ATP, Partido da Turquia Luminosa, nacionalista 0,29%
- TKP, Partido Comunista da Turquia, esquerda 0,22%
- ODP, Partido da Liberdade e da Solidariedade, esquerda 0,15%
- LDP, Partido Liberal Democrata, centro-direita 0,1%
- EP, Partido do Trabalho, esquerda 0,08%

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