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Turquia: novo presidente finalmente eleito

Abdullah GulO Parlamento turco elegeu como novo Presidente da República o ministro dos Negócios Estrangeiros Abdullah Gul, que se torna no primeiro político islâmico a aceder ao cargo máximo da Turquia, desde 1937, ano em que a laicidade foi incluída na Constituição deste país. Em Abril, a candidatura de Guhl à Presidência acabou por provocar eleições antecipadas, que o seu partido viria a ganhar com ainda mais votos, permitindo-lhe assegurar desta vez a eleição. Quem não gostou da votação de hoje foi o chefe do exército turco, que avisou que o sistema secular está a ser atacado por "centros do mal que procuram sistematicamente destrui-lo".

Leia o texto de François Georgeon, sobre Turquia e Laicidade, no dossier socialismo 2007

Gul obteve 339 entre os 550 votos do Parlamento, dominado pelo seu Partido da Justiça e do Desenvolvimento (AKP). Era necessária uma maioria absoluta de 276 votos para que Gul fosse eleito.

Os outros dois candidatos - Sabahattin Cakmakoglu, do Partido de Acção Nacionalista (MHP, nacionalista) e Huseyin Tayfun, do Partido da Esquerda Democrática (DSP, centro-esquerda) - obtiveram, respectivamente, 70 e 13 votos.

Este é o primeiro islâmico a aceder ao cargo de Presidente da República, provocando agitação em alguns meios da sociedade turca. Em Abril deste ano, o parlamento turco, já então dominado pelo Partido da Justiça e Desenvolvimento (AKP) - partido do primeiro-ministro Tayyip Erdogan e do agora Presidente Gul - ficou num impasse ao não serem reunidos os votos necessários para a eleição de Gul. Depois de grandes manifestações populares, o primeiro-ministro provocou eleições antecipadas e foi novamente eleito em Julho, mas desta vez com uma vitória esmagadora que lhe permitiu conquistar 340 dos 550 deputados do parlamento turco.

Com uma nova composição do parlamento, o Partido da Justiça e Desenvolvimento conseguiu finalmente eleger Gul para a Presidência da Turquia.

Yasar Buyukanit, chefe supremo do exército turco, não gostou do resultado da votação. "As forças armadas turcas não vão fazer nenhuma concessão...no seu dever de guardar a República Turca" acrescentando que o sistema laico está a ser atacado por "centros de mal que procuram sistematicamente destrui-lo"

Abdullah Gul tem afirmado que deseja manter a Turquia como um estado laico. Aliás, segundo a maioria dos analistas, essa tem sido a prática do Partido da Justiça e Desenvolvimento, que tendo uma base de apoio islâmica, tem respeitado a laicidade, e conduzido de forma inteligente e moderada as negociações para a entrada da Turquia na União Europeia.

O jornal liberal "Milliyet" descreve a eleição de Gul como "um ponto de viragem na nossa história política que nos poderá aproximar da maturidade democrática". Outros jornais frisaram que Gul vai ser testado na forma como conseguir dissipar os receios do aumento do papel da religião na esfera pública.

Esta será concerteza uma questão a ser debatida com François Georgeon, durante o Socialismo 2007, iniciativa promovida este fim-de-semana pelo Bloco de Esquerda. Veja aqui o programa

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