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Sublevação popular na Guiné-Conacri

guineMais de 20 pessoas morreram ontem na Guiné-Conacri em confrontos entre manifestantes e forças de segurança que abriram fogo para dispersá-los. Foi o dia mais violento de uma greve geral que já dura há duas semanas, contra o presidente Lansana Conte. Pelo menos 150 pessoas ficaram feridas. Outras manifestações ocorreram em cidades do leste deste país africano, como Kankan e Kissidougou. "Isto tornou-se uma sublevação popular. Não temos o controle dela", disse o dirigente sindical Ousmane Souare.

De acordo com duas uniões de sindicatos guineenses, a greve geral ilimitada, que começou dia 10, tem como objectivo protestar contra a corrupção no país, os desvios de fundos e a ingerência do presidente Lansana Conté em assuntos judiciais. Estes sindicatos, apoiados por 14 partidos da oposição, acusam o presidente da Guiné-Conacri, de 72 anos, de ter estado na origem da libertação de um ex-líder do patronato e de um antigo ministro, acusados de desvio de fundos.

guineamap A polícia prendeu dirigentes sindicais, numa tentativa de pôr fim ao movimento. Ibrahima Fofana, da União dos Trabalhadores Guineenses e Rabiatou Sira Diallo, da Confederação dos Trabalhadores Guineenses foram detidos por "incitamento a revolta". A própria guarda presidencial, liderada pelo filho do presidente, Ousmane Conte, invadiu a sede das organizações.

O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon expressou preocupação em relação à situação do país, principalmente ao que considerou ser "um excessivo uso da força".

A paralisação já provocou a paragem das exportações de bauxita, matéria a partir da qual é feito o alumínio, e que são determinantes para o país.

Nas suas fronteiras actuais, a Guiné-Conacri foi criada como uma colónia francesa em 1890. Em 1895, o país foi incorporado à África Ocidental Francesa. A independência foi conquistada em 1958 e o primeiro presidente foi Ahmed Sékou Touré. Lansana Conte assumiu o poder após a morte de Sékou Touré e manteve-o desde então. No ano passado, ocorreram duas greves de trabalhadores urbanos, que conquistaram melhores salários. Dez estudantes morreram devido à repressão a uma manifestação.

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