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Sines: Presidente da Câmara desvincula-se do PCP

Castelo de Sines, com a estátua do Vasco da GamaO presidente da Câmara Municipal de Sines, Manuel Coelho, eleito pela CDU, anunciou a sua desvinculação do PCP, alegando "recriminações e acusações" do partido relativamente a decisões tomadas enquanto autarca. Manuel Coelho vai continuar à frente da Cãmara até ao fim do mandato mas não esclarece se vai voltar a candidatar-se.  

"Tomei a decisão de me desvincular do PCP, no qual militava há mais de 35 anos", revelou hoje o autarca em conferência de imprensa, realizada em Sines.Manuel Coelho alega que, em reuniões partidárias, era alvo de "recriminações" e "acusações", as quais considera "absurdas, idiotas, insuportáveis e não mais toleráveis".

O facto de ter participado em cerimónias com o primeiro-ministro, de ter convidado Cavaco Silva para actos inaugurais, o teor de algumas entrevistas sobre investimentos em Sines e as razões para admitir "determinados quadros superiores da câmara" são algums das acusações que Manuel Coelho enuncia.

"Concluo que este partido [PCP] está impregnado de um conjunto de características típicas de organizações dogmáticas, com disciplina de caserna, que o tornam uma organização estalinizada, com práticas reaccionárias, envolvidas de um discurso pretensamente progressista, mas, de facto, retrógrado", acusou o autarca.

O Presidente da Câmara de Sines referiu também que esperou "pacientemente" por uma "renovação" no partido, mas que, entretanto, deixou de "acreditar em milagres".

Manuel Coelho anunciou ainda que retirou os pelouros atribuídos ao vice-presidente Albino Roque, um dos quatro vereadores da CDU, alegando a sua incapacidade "para distinguir interesses partidários e locais" e para o "trabalho de equipa".

O médico Manuel Coelho, que começou a colaborar com o PCP em 1972, foi eleito presidente do município de Sines, pela primeira vez, em 1997, tendo sido reeleito em 2001 e 2005.

Manuel Coelho garantiu que, não obstante a sua desvinculação partidária, vai continuar à frente da Câmara Municipal até ao final do mandato, mas escusou-se a revelar se, nas eleições autárquicas deste ano, irá voltar a candidatar-se ao município.

Em declarações à agência Lusa, o responsável pela Direcção da Organização Regional do Litoral Alentejano (DORLA) do PCP, Manuel Valente, considerou que, com a desvinculação do partido, o autarca deveria colocar o cargo à disposição da força política que o elegeu.

"Quem ganhou as eleições em Sines foi a CDU e não o senhor Manuel Coelho", pelo que, "do ponto de vista ético e político, pôr o cargo à disposição seria o mais correcto", disse o responsável da DORLA.

Manuel Coelho, porém, não aceitou colocar o cargo à disposição e garantiu que pretende concluir o mandato para o qual foi eleito "pelo povo e não pelo partido".

"Não foi o partido que me elegeu, mas sim o povo. E o povo elegeu-me a mim, não ao partido", argumentou.

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