O inquérito da Inspecção Geral da Administração do Território (IGAT) sobre as reformas fraudulentas de funcionários da autarquia está nas mãos dos deputados municipais de Setúbal. Logo à noite, a Assembleia Municipal vai votar a proposta de dissolução, mas é dado como certo que PCP e PSD vão segurar o executivo da presidente-substituta Maria das Dores Meira, também constituída arguida neste caso, tal como o seu antecessor Carlos Sousa.
Comunistas e sociais-democratas entendem que não está provada a acusação de conluio entre a autarquia e os referidos funcionários, a quem a CM Setúbal propôs a reforma antecipada com base nas faltas injustificadas. Desta forma, os funcionários "incumpridores" aproveitariam um regime mais favorável de segurança social do que se esperassem até terem a idade para se reformarem. O facto de isto ter acontecido a uma grande escala levantou suspeitas e deu origem a investigação policial. A vereação votou as reformas antecipadas por voto secreto, o que obrigou a que todos fosem constituídos arguidos, mesmo os que votaram contra o esquema apresentado.
O PS vai votar a favor da dissolução, argumentando tratar-se de "uma questão política e não jurídica". «A situação da câmara é de degradação financeira, degradação de relações humanas e de ausência de projecto», afirmou Vítor Ramalho, presidente da Federação setubalense do PS, ao semanário Sol.
Os deputados municipais do Bloco vão abster-se na votação da proposta do IGAT, justificando o sentido do voto com o facto de caber aos tribunais, e não aos autarcas, pronunciarem-se sobre a existência ou não de provas que sustentem as acusações de fraude contra o sistema de segurança social.