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Rui Rio recusa-se a receber moradores do Freixo

freixo3Uma delegação dos moradores do Freixo, em conjunto com elementos do SOS Racismo e da Solidariedade Imigrante, dirigiu-se às instalações da Câmara do Porto para apresentar uma solução alternativa que possa evitar o despejo abrupto de cerca de 50 pessoas. No entanto, o executivo camarário recusou qualquer reunião. Ontem à noite, a comunidade cigana do Freixo, em conjunto com diversas associações solidárias, organizou uma festa, com música e dança cigana, no local onde a qualquer momento poderá ocorrer um despejo forçado.

São dezasseis as famílias que podem ser despejadas a partir da meia noite de hoje no Bairro do Freixo, freguesia da Campanhã. Os moradores e diversas associações que se solidarizaram afirmam que as razões para o despejo prendem-se com a conversão do Palácio do Freixo (que fica a 50 metros) num Hotel de Luxo (do Grupo Pestana), cuja vista ficaria «prejudicada» com a presença de uma acampamaento cigano. Nenhuma das 16 famílias se encontra inscrita no Plano Especial de Realojamento (PER) e por isso arriscam-se a ficar sem qualquer alternativa habitacional.

A proposta da CMP, avançada ontem por Rui Rio, é proceder aos despejos o mais rapidamente possivel, colocando as famílias em pensões pagas pela segurança social, durante 60 dias. Depois deste tempo, Rui Rio garantiu que a CMP forneceria habitações «a quem realmente merece e precisa» além de que «muitos deles são nómadas». Esta proposta não agradou aos moradores, que têm contado com o apoio da Plataforma Artigo 65º, do SOS Racismo, da Solidariedade Imigrante, do Bloco de Esquerda, do Presidente da Junta de Freguesia da Campanhã de um assistente social desta freguesia. Para a associações presentes, a estratégia de Rui Rio é «dividir as famílias, espalhando-as por diversas pensões», para assim «perderem capacidade organizativa e reivindicativa». Por outro lado, a CMP recusa-se a garantir alternativas habitacionais para todos passados os dois meses de estadia em pensões.

Uma delegação de cinco moradores, mais elementos do SOS Racismo e da Solidariedade Imigrante dirigiram à CMP para apresentarem uma alternativa à forma como o processo está a ser conduzido. A proposta prevê a manutenção das famílias no acampamento, do qual poderiam ir saindo progressivamente à medida que fossem sendo encontradas soluções, em vez de se adiar o problema recambiando as pessoas para pensões durante dois meses.

Ontem à noite, a comunidade cigana do Freixo, em conjunto com diversas associações solidárias, organizou uma festa, com música e dança cigana, no local onde a qualquer momento poderá ocorrer um despejo forçado.

Veja em baixo o comunicado de moradores do freixo

Comunicado

Comunidade dos moradores do Freixo

A Comunidade de Moradores do Freixo, reunida após a informação dada pelo Presidente da Junta de Campanhã e perante: a ordem de despejo imposta pela Câmara Municipal do Porto, as tentativas de diálogo frustradas pela posição intransigente do Presidente da Câmara, que inclusive passa por pressões à comunidade, ao fazer depender a atribuição de casas ao abandono imediato do local e consequente transferência para pensões, afirma:

1 - O não abandono do local, pelo facto de termos as nossas crianças na escola, por ser a comunidade e a união um estilo de vida que nos é próprio, pelo facto de conhecermos casos reais em que a transferência de pessoas para pensões as arrastou para condições ainda piores e por resolver.

2 - O nosso direito à habitação, pelo facto de sermos cidadãos e cidadãs, recenseados e, portanto, de pleno direito.  

3 - A nossa constante vontade de diálogo, pelo qual afirmamos que temos propostas concretas que queremos apresentar à Câmara Municipal do Porto. Informamos ainda que todos os acordos a que desejamos chegar terão de ser postos por escrito de acordo com a boa fé manifestada por ambas as partes. 

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