You are here
Riscos globais identificados para Copenhaga
A duas
semanas da Conferência
para as Alterações do Clima em Copenhaga
não se espera que venha a ser elaborado um protocolo à semelhança
do que aconteceu em Quioto em 1997, no entanto espera-se uma
declaração política forte apelando à urgência de reduzir as
emissões de gases de efeito de estufa de forma limitar o aquecimento
global abaixo dos 2°C em 2050.
Artigo de Rui
Curado Silva, investigador no
Departamento de Física da Universidade de Coimbra.
Apesar
das intenções, 2°C de aquecimento médio do planta comporta vários
riscos que não são de menosprezar como a morte dos corais, extinção
de espécies vegetais e animais até 30% e a baixa da produtividade
agrícola nas regiões mais secas e tropicais, gerando fome entre as
populações. Nesta
ligação consultar um mapa
onde são apontadas as consequências esperadas para as várias
regiões do mundo se a temperatura média do planeta aumentar 4°C,
elaborado através de trabalhos científicos publicados nas melhores
revistas da especialidade.
Se o
principal benefício do Protocolo de Quioto foi ter causado uma
importante evolução das mentalidades, quer ao nível político,
quer ao nível do cidadão comum, a verdade é que a parte mais
importante do trabalho está por fazer. No entanto foi já notório
que alguns governos foram mais eficazes que outros nos primeiros anos
de luta contra o aquecimento global. A Alemanha conseguiu manter o
seu nível de vida e uma das economias mais saudáveis da Europa
diminuindo em 21% a sua taxa de emissão de gases de efeito de
estufa. A França, a Suécia e o Reino Unido conseguiram reduções
da ordem dos 10%. No entanto entre os países mais ricos o pior aluno
foi a Espanha com um aumento de 53%, a Austrália e o Canadá com
mais de 20% de aumento e os EUA com mais de 15% de aumento das
emissões. Em 2005, o país que maior volume de gases de efeito
estufa emitiu per capita foi o Qatar seguido dos Emiratos Árabes
Unidos e do Kuwait, o que diz bem da mudança de modo de vida destas
sociedades. Entre os países mais desenvolvidos, a Austrália, os EUA
e o Canadá lideram nas emissões per
capita. Em termos absolutos quem mais
emite é a China (19% do total) seguido dos EUA (18%) e da Rússia
(5%). Em valores acumulados desde 1950, os EUA são responsáveis por
cerca de 26% das emissões de gases de efeito de estufa, a seguir é
a China com 11% e é a Rússia com 9%.
Numa
classificação elaborada pela Maplecroft,
entre os países mais vulneráveis às alterações do clima aparecem
oito países africanos do equador e dos trópicos, com a Somália a
ser considerado o país mais sujeito a variações da temperatura
média global. Em segundo lugar dessa classificação figura o
primeiro país não africano, o Haiti, país conhecido pelo abate da
quase totalidade da sua floresta, tendo o território perdido a
capacidade de auto-regulação climática.
Os
dados científicos são bem mais sólidos do que há 5 e há 10 anos
atrás, as ideologias niilistas felizmente foram afastadas dos
principais governos do mundo, espera-se agora que os principais
poluidores e potenciais grandes poluidores de amanhã cheguem a um
entendimento realista, agora já não há desculpas.
Rui
Curado Silva