You are here

Resíduos tóxicos no Seixal são perigosos

Resíduos tóxicos põem em perigo a saúde das populaçõesA Associação ambientalista Quercus afirma que em Vale Milhaços, Seixal, há uma lagoa com “milhares de toneladas de resíduos perigosos, em terreno arenoso”, próximo de habitações e que estará a contaminar as águas subterrâneas da zona. O Ministério do Ambiente negou a existência de qualquer contaminação.

“Descontaminar é uma questão de saúde pública”, alerta a Quercus.

“Existem aqui três questões essenciais: a contaminação das águas subterrâneas; a proximidade, de menos de um quilómetro, entre a lagoa e as habitações, que aumenta o perigo a que as pessoas estão expostas e o facto de não estar vedada ou confinada, de modo a evitar acidentes, sobretudo com crianças”, explicou à Lusa Rui Berkemeier, da associação ambientalista Quercus.

Para o especialista em resíduos: “estamos perante um passivo histórico, que é frequente verificar-se no Seixal”, embora ainda exista por todo o país.

“Trata-se de uma situação de descarga de resíduos de óleos industriais ao longo de muitos anos e que nunca foram removidos”, observou.

“Falamos de resíduos industriais perigosos. São contaminantes cancerígenos, altamente tóxicos. Retirar daqui estes resíduos, tratá-los e descontaminar o solo é uma questão de saúde pública”, defende.

Rui Berkemeier reconhece que “é uma medida cara”, mas argumenta que “não existe alternativa”: “A análise do custo-benefício aponta para o tratamento. Está em causa a contaminação de águas subterrâneas, cujo estado se agrava à medida que o tempo avança, porque os terrenos são arenosos e absorvem os contaminantes”, afirmou.

“Está-se, há já algum tempo, à espera de que surja um programa nacional para a recuperação destes resíduos históricos”, explicou.

O ambientalista lembra que Portugal já está dotado de unidades para tratar estes resíduos, Centros Integrados de Recuperação, Valorização e Eliminação de Resíduos Perigosos (CIRVER), “falta apenas perceber se da parte das entidades públicas há ou não capacidade de viabilizar e operacionalizar o tratamento deste resíduos”.

Contactado pela Lusa, o vereador do Ambiente da Câmara do Seixal, Carlos Mateus, confirmou que a autarquia tem conhecimento do problema, alertando que “sozinha não o consegue resolver”.

“Trata-se de um antigo areeiro que há muitos anos foi utilizado para despejo ilegal por parte das empresas de construção naval”, acrescentou o vereador, afirmando ainda que “José Sócrates, quando ainda era Ministro do Ambiente, esteve no local e comprometeu-se a mandar limpar e descontaminar”.

“Poucos dias depois entraram máquinas no local, trabalharam uma ou duas semanas e desapareceram. Nunca mais aconteceu nada. A autarquia tem questionado o Ministério do Ambiente e nunca mais houve desenvolvimentos”, rematou.

O Ministério do Ambiente, do Ordenamento do Território e do Desenvolvimento Regional (MAOTDR) afirmou estar “ciente da situação de deposição ilegal de resíduos”, mas garante que “não existem” quaisquer "indícios de contaminação dos lençóis freáticos na região potencialmente afectada”.

“De acordo com dados do Instituto Regulador de Águas e Resíduos, a água consumida na região não apresenta qualquer alteração dos parâmetros eventualmente afectados pela referida situação”, sustentou.

Termos relacionados Sociedade