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Repressão no Irão continua a matar
Pelo menos mais três pessoas foram assassinadas, duas das quais a tiro, na manifestação desta quarta-feira junto ao parlamento iraniano. Paralelamente ao aumento da repressão - 70 intelectuais críticos do regime foram presos - são cada vez mais as vozes influentes que contestam Ahmadinejad e o processo eleitoral. O Presidente do Irão prefere continuar a culpar o "Ocidente" pelos protestos.
A polícia de intervenção continua a reprimir as manifestações, tentanto impedir à nascença qualquer ajuntamento de pessoas em protesto. Isso mesmo verificou-se na manifestação desta quarta-feira, na praça Baharestan, junto ao parlamento. Testemunhas citadas pela agência Associated Press referiram que a polícia usou bastões e gás lacrimogéneo e fez disparos para o ar para dispersar os manifestantes. A repressão durou pelo menos duas horas e, segundo este blogue, que recorre criteriosamente à informação via Twitter, pelo menos três pessoas foram mortas, duas das quais a tiro, e dezenas ficaram feridas.
A polícia patrulha as ruas, confiscando telemóveis com imagens e vídeos comprometedores, e os helicópteros sobrevoam Teerão para sinalizar pequenas manifestações e ordenar a repressão sobre elas. Um jornalista grego que trabalha para o Washington Times foi preso, bem como um grupo de 70 intelectuais que tinham acabado de se reunir com o candidato da oposição mais votado, Hussein Moussavi.
Moussavi tem denunciado pressões constantes para desistir de contestar os resultados eleitorais. O seu principal advogado, Ardsher Amir Arjman, foi preso. O próprio Moussavi tem os seus movimentos limitados e alguns meios de comunicação informam que estará em prisão domiciiliária.
O gabinete de outro dos candidatos da oposição - Mohsen Rezaei - desmentiu que o candidato tenha querido desistir das queixas sobre as eleições, fazendo saber que sofreu pressões e intimidações do governo. Outro dos candidatos reformistas - Mehdi Karrubí - suspendeu uma cerimónia fúnebre em honra das vítimas dos protestos, que se realizaria numa mesquita, denunciando que as autoridades proibiram a sua realização.
Por outro lado, são cada vez mais as vozes influentes que contestam o regime de Ahmadinejad. O "grande ayatollah" Hussein Ali Montazeri - crítico do Presidente que chegou a ser apontado como sucessor de Khomeini - advertiu que a continuação da repressão das manifestações pacíficas no Irão poderá fazer cair o Governo e condenou as autoridades pela forma violenta como reprimiu as manifestações, acusando-as de fazer "um ajuste de contas com os intelectuais, activistas e pensadores, e de prender sem razão numerosos responsáveis da República islâmica".
Por outro lado, 105 dos 290 deputados do parlamento iraniano recusaram participar na festa que Ahmadinejad promoveu para celebrar a sua polémica vitória. O Presidente continua a culpar o "Ocidente" pelos protestos no seu país, acusando directamente o Reino Unido, os EUA e a CIA e já veio também avisar a Dinamarca para "ter cuidado com o que dizem os seus media".
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